Os hábitos culturais, o clima e o tipo de solo, fazem com que cada país desenvolva hábitos alimentares característicos, por conta da disponibilidade de alimentos e cultura local1. O território brasileiro possui dimensões continentais, e dentro de sua vastidão territorial é possível identificar uma gama de diferentes hábitos alimentares, onde o perfil nutricional é influenciado não só pela renda per capita, mas também pela influência de algumas características da própria cultura regional 2. A “cozinha” da região sudeste não é apenas o resultado das influências portuguesa, africana e indígena, como também da diversidade cultural implantada pelos imigrantes que aqui se instalaram (italianos, alemães, japoneses, espanhóis, árabes, suíços entre outros)3.
As rápidas mudanças sociais, econômicas, culturais e ambientais introduziram relevante alteração no estilo de vida e hábito alimentar, tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento, e contribuíram para a globalização e consumo crescente de alimentos processados e ultra processados.
A obesidade vem se consolidando a cada ano como pandemia no cenário mundial. Dados recentes estimam 1,9 bilhões de indivíduos com excesso de peso (IMC≥25,0 kg/m2) e desses, 650 milhões são obesos (IMC≥30,0 kg/m2 4 5. No Brasil, as taxas de obesidade aumentaram em todo o território (20,3%), com maior prevalência nas regiões Norte e Sudeste 6. Em 2018, foram registradas 12.438 internações (R$ 64,3 milhões) por obesidade, ocupando o 4° lugar entre as internações por causas endócrinas, nutricionais e metabólicas7. A região sudeste é composta por aproximadamente 80.364.410 habitantes, quantidade que corresponde a 42,2% do total nacional e com densidade demográfica de 93 habitantes por km². A média de obesos nas principais capitais da região sudeste é de 19,8% 8,9 sendo 1,8% de obesos mórbidos (IMC ³ 40kg/m2) acometendo um número maior de indivíduos do sexo feminino6.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a ingestão recomendada de frutas, verduras e legumes necessária é de pelo menos 400 gramas/dia. Na cidade de São Paulo, apenas 34,3% da população atinge essa recomendação9. O Rio de Janeiro consome menos carne com gordura que o índice nacional: 25,8% e é a capital, entre as dez cidades, com hábitos mais saudáveis em relação ao restante do país. Já Belo Horizonte, está entre as cinco capitais que mais consomem carne com gordura (35,7%). São Paulo e Vitória apresentam índices de 31,7% e 33,2%, respectivamente. O Sudeste lidera a quarta e a sexta posições do ranking das capitais que mais consomem refrigerantes: São Paulo (20,7%), Rio de Janeiro (18,6%). Belo Horizonte (14,9%) e Vitória (8,5%).
1 CHAVES, G. & ANHESINI, C. Ingredientes do Brasil. (2014).
2 MONTEIRO, C. A. & CONDE, W. L. (https://bdpi.usp.br/item/001131781, 2000).
3 SONATI, J. G., VILARTA, R. & SILVA, C. C. Influências culinárias e diversidade cultural da identidade brasileira: Imigração, Regionalização e suas Comidas. Qualidade de Vida e Cultura Alimentar. 1ª ed edn, (2009).
4 WHO, 2018 World Health Organization. Obesity and overweight. , <http://www.who.int/en/news-room/fact-sheets/detail/obesity-and-overweight> (2018).
5 Afshin, A. et al. Health Effects of Overweight and Obesity in 195 Countries over 25 Years. N Engl J Med 377, 13-27, doi:10.1056/NEJMoa1614362 (2017).
6 Malta, D. C., Silva, A. G. D., Tonaco, L. A. B., Freitas, M. I. F. & Velasquez-Melendez, G. [Time trends in morbid obesity prevalence in the Brazilian adult population from 2006 to 2017]. Cad Saude Publica 35, e00223518, doi:10.1590/0102-311X00223518 (2019).
7 Pesquisa Vigitel Brasil 2018, <https://www.saude.gov.br/images/pdf/2019/agosto/05/cit-julho/1.-b—2019_07_25—VIGITEL.pdf> (2019).
8 Rech, D. C., Borfe, L., Emmanouilidis, A., Linhares Garcia, E. & Frantz Krug, S. B. Public policies and coping of obesity in Brazil: a reflective review. Journal of Epidemiology and Infection Control; v. 6 (2016): SUPLEMENTO – II Congresso Brasileiro Interdisciplinar de Promoção da Saúde (2016).
9 Saúde, B. M. d. (ed MINISTÉRIO DA SAÚDE) (2019).