O diabete melito não é uma doença única, pelo contrário, é um grupo heterogêneo de doenças que têm em comum a hiperglicemia com as consequentes complicações vasculares. O corpo não consegue produzir ou utilizar de forma adequada a insulina que produz. A insulina é um hormônio que controla a quantidade de glicose no sangue a qual é obtida por meio da alimentação. O indivíduo diabético não produz e não consegue utilizar a glicose adequadamente aumentando os níveis de glicose no sangue levando o diabético a um quadro de hiperglicemia tendo como consequências danos em nervos, vaso sanguíneos e órgãos.
No passado, com o conhecimento fisiopatológico ainda incipiente, a classificação do DM foi baseada na idade dos grupos acometidos ou na forma convencional de tratamento. Assim, o DM1 já foi denominado diabete juvenil ou DM insulino-dependente (DMID), e o DM2 era rotulado como diabete do adulto ou DM não insulino-dependente (NIDDM).
Classificação do Diabete Melito
Diabete melito tipo 1
Causado por destruição da célula beta, freqüentemente mediada por mecanismos imunológicos, induz perda da capacidade secretora de insulina e deficiência absoluta desse hormônio. O diabete tipo 1 é usualmente caracterizado pela presença de autoanticorpos anti-GAD, antiilhotas, antiinsulina, antitirosina fosfatase IA-2 e IA-2B e transportador de zinco 8, refletindo o processo auto-imune de destruição da ilhota. O diabetes tipo 1 é definido pela presença de um ou mais desses marcadores imunes. A doença apresenta associação com HLA, com ligação aos genes DQA e DQB. Essa forma é a do diabetes tipo 1 imune-mediado. O LADA (latente autoimune diabetes of adult) aparece em adultos, muitas vezes com hiperglicemia discreta, boa resposta a hipoglicemiantes orais por meses ou anos, antes da progressão para a deficiência de insulina. São sugestões para o diagnóstico de LADA: idade superior a 30-35 anos, anticorpos positivos (anti-GAD) e ausência de necessidade de insulina por pelo menos 6 meses. Em alguns pacientes o diabete tipo 1 pode ocorrer na ausência de anticorpos e sem evidência de doença auto-imune, predominante em afrodescendentes e asiáticos, com importante componente genético. Nesta forma de diabete, de etiologia desconhecida, a história natural é de uma doença progressiva, com hiperglicemia acentuada e necessidade de insulina para prevenção de cetose. Estes indivíduos são classificados como diabete tipo 1 idiopático. O DM1 responde por 5% a 10% dos casos da síndrome diabete. A epidemia de sobrepeso e obesidade não protege pacientes com DM1, e hoje não é incomum encontrar pacientes com DM1 de inicio recente também com sobrepeso.
Diabete melito tipo 2
Causado pela combinação de fatores genéticos e não genéticos que resultam em resistência à insulina e deficiência desse hormônio. Genes específicos que causam o DM2 ainda não foram descritos, mas é uma área promissora. Os fatores não genéticos incluem o envelhecimento, grande ingestão calórica, obesidade, adiposidade abdominal, estilo de vida sedentário e baixo peso ao nascer. Compreende aproximadamente 90% a 95% dos casos da síndrome diabete
Tipos específicos de diabete melito
Estes tipos compreendem grupos etiológicos diversos, com causas estabelecidas ou parcialmente conhecidas. As causas incluem defeitos genéticos conhecidos que alteram a função da célula ou a ação da insulina, doenças do pâncreas endócrino, endocrinopatias, drogas ou agentes que alteram a função pancreática, e doenças e condições nas quais a incidência de diabete é muito elevada, mas a etiologia precisa ainda não foi estabelecida. Respondem por aproximadamente 1% a 2% dos casos da síndrome diabete
Diabete gestacional
Causado por resistência e deficiência relativa de insulina associada à gravidez. Ocorre em aproximadamente 3% a 5% das gravidezes