Teste de DNA-HPV é mais eficaz no rastreamento do câncer de colo uterino, aponta estudo inédito da Unicamp na revista The Lancet
Publicado por: Camila Delmondes
10 de novembro de 2021

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Um estudo inédito que acaba de ser publicado na Revista The Lancet Regional Health - Americas por pesquisadores da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) e Hospital da Mulher “Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti” (Caism) da Unicamp – com o apoio da Roche Diagnóstica – alcançou a alta cobertura do teste de DNA-HPV no rastreamento do câncer do colo do útero com detecção imediata da doença ainda em estágio inicial, antecipando o diagnóstico em 10 anos. O teste de HPV tem capacidade para substituir em larga escala e maior eficácia, o exame de Papanicolaou (exame citológico) mais comumente utilizado no Brasil.

A pesquisa teve como objetivo central, organizar o rastreamento do câncer do colo do útero em um grande conjunto populacional. Para tanto, os pesquisadores compararam os resultados de 16.384 testes de DNA-HPV com 20.284 testes citológicos, realizados no período de 2014 a 2020, por mulheres na faixa dos 25 a 64 anos de idade, residentes no município de Indaiatuba, interior de São Paulo.

Após 30 meses de atividade, o programa com teste de HPV demonstrou cobertura populacional superior a 80%, conformidade dos testes, de acordo com a faixa de idade de 99,25% em comparação à obtida pelo programa citológico (78,0%). Dos 21 casos de câncer de colo identificados pelo programa, em mulheres com idade média de 39,6 anos, 67% destes encontravam-se em estágio inicial, em comparação com 12 casos de câncer de colo detectados pela triagem citológica, com idade média de 49,3 anos, e apenas um caso em estágio inicial.

De acordo com o docente do departamento de Tocoginecologia da FCM e pesquisador líder do estudo, Júlio César Teixeira, além da possibilidade de substituição do exame convencional para o diagnóstico do câncer do colo do útero no Brasil, os resultados obtidos demonstram a necessidade de maior apoio às atualizações dos programas existentes, onerosos e de baixo impacto na mortalidade da doença.

“Este estudo de base populacional foi realizado em um cenário da vida real e é um dos estudos pioneiros incluindo mulheres de média e baixa renda e entre 25 a 29 anos, usuárias do SUS. Os resultados são cruciais para fornecer um caminho factível para implementar o teste de HPV como rastreamento do câncer do colo”, disse.

Dentre as inovações oferecidas por um programa de rastreamento do câncer do colo do útero utilizando teste de DNA-HPV, o docente da FCM destaca a precedência diagnóstica da doença de quase 10 anos em comparação ao exame de Papanicolau.

“A detecção em estágio inicial possibilita um tratamento mais barato, menos mutilador e com chances de 100% de cura. Os resultados imediatos, além dos anteriores já publicados com demonstração de custo-efetividade, podem apoiar os gestores de Saúde no estabelecimento de um programa nacional de rastreamento mais eficiente e duradouro e, principalmente, com impacto real na mortalidade”, comentou.



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