Recepção dos acadêmicos indígenas da FCM é marcada por palestra de Ailton Krenak e entrega de quadros
Publicado por: Camila Delmondes
13 de março de 2023

Compartilhar:

Na manhã dessa sexta-feira (10), os acadêmicos indígenas da LXI Turma de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp foram recepcionados pela Comissão de Recepção e Permanência de Alunos Indígenas (CRPAI) da faculdade. O roteiro de atividades de boas-vindas contou com um convite da Comissão para que os estudantes acompanhassem o lançamento da Trilha de Sustentabilidade com a palestra do líder indígena Ailton Krenak – organizado pela Escola de Educação Corporativa (Educorp), a Comissão Assessora de Mudança Ecológica e Justiça Ambiental (Cameja) e a Diretoria Executiva de Planejamento Integrado (Depi) da Unicamp – seguido da entrega dos quadros “Ancestralidade e Sabedoria”, “Harmonia das Medicinas” e “Mulher Guerreira”, elaborados por artistas indígenas, estudantes da Unicamp.

Comissão de Recepção e Permanência de Alunos Indígenas da FCM recebe os calouros de Medicina de 2023, Aurélia Samira Alves de Sousa (Potiguara) e Yanauê Lucas Bion e Brito (Fulni-o)/Foto: Karen Moraes - FCM Unicamp

Coordenador do curso de graduação em Medicina da FCM, o professor Fábio Menezes conta que a unidade começou a pensar e planejar as ações de recepção dos estudantes indígenas, em 2020, com a criação de um Grupo de Trabalho (GT) dedicado a essa questão. “O que temos mais aprendido nesses últimos dois anos é que não existiu o choque cultural que até então esperávamos. Os estudantes são extremamente receptivos ao nosso curso e o nosso curso é muito receptivo a presença deles, provando-nos não existir razão para nenhum tipo de diferenciação. Essa interação tem sinalizado a possibilidade para que a Universidade desenvolva projetos de extensão em suas origens”, comentou.

A coordenadora da CRPAI e chefe do Departamento de Tocoginecologia da FCM, Fernanda Surita, falou sobre a proposta do grupo de trabalhar o sentimento de pertencimento com os acadêmicos recém-chegados. "Respeito, inclusão e pertencimento. Todos pertencem a Unicamp e a Unicamp pertence a todos nós. Nós não caminhamos sozinhos. Tudo é multifacetado. Precisamos de pesquisa de ponta, mas também reconhecer toda essa questão da ancestralidade e outros aprendizados que nós não temos".

Representando os elementos que constituem uma maloca, a obra “Ancestralidade e Sabedoria” é assinada por Abé (John Alexandre Dias) e apresenta a influência das etnias, desana e tucano, dos artistas. “A maloca significa transmissão de conhecimento, é um lugar onde sempre há dois seres, um que transmite e um que recebe a sabedoria passada há anos, de geração a geração. Os três pilares são a sustentação, responsáveis pela proteção e segurança desse lugar.  A maloca também é uma instituição, que abriga mestre e aprendiz. Os grafismos provêm das festas tradicionais. A ancestralidade também é nossa ciência e o conhecimento tradicional também é a medicina”, explicam.

Autor da obra "Ancestralidade e Sabedoria", o artista indígena, Abé, posa para a foto ao lado do professor Fábio Menezes, coordenador do curso de Medicina da FCM/Foto: Karen Moraes - FCM Unicamp

O quadro “Harmonia das Medicinas”, assinada por Piratapuia (Osvaldo Garcia Cardoso), com grafismos que caracterizam a etnia piratapuia, faz a correlação entre Medicina Moderna e Medicina Indígena com o objetivo de mostrar que ambas as ciências podem caminhar juntas. “O grafismo foi baseado na pele da cobra canoa, que é amarela, manchada por cores pretas e seu interior é vermelho. Demonstra através do símbolo da medicina com o grafismo indígena como essas medicinas estão em harmonia”.

Os calouros indígenas do curso de Medicina, em 2023, Aurélia Samira Alves de Sousa (Potiguara) e Yanauê Lucas Bion e Brito (Fulni-o)/Foto: Karen Moraes - FCM Unicamp

“Mulher Guerreira” é o quadro assinado por Lucas Ticuna (Quirino Pinto Lucas), com elementos do povo ticuna. Em seu significado, a obra busca inspiração na mulher indígena, com sua força e movimento, a partir de grafismo que retrata o ritual de iniciação de carreira da mulher indígena, denominado “moça nova”. “Nesse ritual, a trança de peneira feita de Arumã é um dos conhecimentos passado às mulheres ticuna. O adereço de cabeça, o colar de tartaruga e a roupa preta são outros elementos da formação da mulher”.

A estudante de doutorado em Clínica Médica da FCM, Kellen Natalice (Kaiowá), posa para a foto em frente ao quadro "Mulher Guerreira"/Foto: Marcelo Oliveira - FCM Unicamp

Leia também
O futuro ancestral por Ailton Krenak

Ailton Krenak fez palestra para um auditório lotado; uma hora antes do início previsto para o evento, a busca por lugares já era grande/Foto: Antonio Perri - SEC Unicamp

O sensível vínculo estabelecido entre Ailton Krenak e a plateia que lotou o auditório da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp na manhã desta sexta-feira (10/03) transformou o lançamento do programa “Trilha da Sustentabilidade” em um evento marcado pela ancestralidade. Krenak fez a palestra inaugural do projeto que é uma parceria entre a Escola de Educação Corporativa (Educorp), a Comissão Assessora de Mudança Ecológica e Justiça Ambiental (Cameja) e a Diretoria Executiva de Planejamento Integrado (Depi) da Unicamp [...]



Notícias mais recentes



Inflamação metabólica associada à microbiota intestinal é hipótese para a evolução da obesidade na história da humanidade

Comemoração de 25 anos: Cirurgia Endovascular


Save The Date: Semana da FCM


Pesquisadora colaboradora do Departamento de Saúde Coletiva da FCM coordenará pesquisa nacional com populações rurais

"É através da dedicação de cada um que conseguimos entregar os resultados que a sociedade espera de nós..."

Faculdade de Ciências Médicas
Universidade Estadual de Campinas

Correspondência:
Rua Vital Brasil, 80, Cidade Universitária, Campinas-SP, CEP: 13.083-888 – Campinas, SP, Brasil
Acesso:
R. Albert Sabin, s/ nº. Cidade Universitária "Zeferino Vaz" CEP: 13083-894. Campinas, SP, Brasil.
Desenvolvido pela TI / FCM