Realizado na FCM, 2º Seminário de Saúde Auditiva de Campinas traz reflexão sobre papel dos profissionais da assistência
Publicado por: Karen Menegheti de Moraes
05 de março de 2024

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Em 28 de fevereiro, o Salão Nobre da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp recebeu o 2º Seminário de Saúde Auditiva de Campinas: “O papel dos profissionais da Saúde da Família e da E-multi”. O evento foi organizado pela Unicamp, em parceria com a Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas e Secretaria Municipal de Saúde de Campinas. O objetivo foi promover um espaço de formação na área da saúde auditiva para profissionais da rede SUS Campinas e instituições conveniadas, bem como usuários, gestores e estudantes de graduação e pós-graduação.

Nubia Vianna, docente do Departamento de Desenvolvimento Humano e Reabilitação da FCM e anfitriã do evento, lembrou que desde 2021 as três instituições desenvolvem a pesquisa “Análise de um centro de reabilitação auditiva: usuários, gestores e trabalhadores como guias”, em que é avaliado o serviço de saúde auditiva do Hospital da PUC, bem como sua relação com os demais serviços da rede SUS Campinas. O estudo teve desdobramento nacional, vinculado ao Observatório Microvetorial de Políticas Públicas em Saúde e Educação em Saúde.

Mesa solene do evento. Foto: Karen Moraes/ARPI

“Acreditamos em um jeito de fazer pesquisa que promova o envolvimento dos atores sociais relacionados, refletindo sobre a saúde auditiva na cidade e na região. Esse seminário também se configura como uma ação de educação permanente, uma vez que visa promover o desenvolvimento de competências para o SUS, transformação das práticas, melhoria da qualidade da assistência e formação de profissionais críticos e proativos, disponíveis para o trabalho em equipe”, declarou Nubia na mesa de abertura do evento.

“A PUC Campinas tem orgulho de ter apoiado e estar presente nesse projeto em parceria com a Unicamp. Essa pesquisa criou frutos tão importantes como esse segundo seminário. Nós temos que disseminar o assunto da saúde auditiva, para que possamos orientar a seu respeito nas comunidades e na rede. Um projeto desses só tem a somar e trazer benefícios a toda a população”, afirmou Leticia Borges, diretora da Faculdade de Fonoaudiologia da PUC Campinas.

Alexandra Ganev, coordenadora da área técnica de reabilitação da Secretaria Municipal de Saúde, parabenizou Nubia e demais pesquisadores. “São quase três anos de trabalho para a gente chegar na realização desse evento. Eu fico muito feliz de ver a congregação da academia e da prática para promover um debate rico, com o objetivo de qualificar o cuidado de nossa assistência. Esse tem sido o foco de nosso departamento: se aproximar das pessoas e promover propostas de qualificação”, disse.

Nubia Vianna, docente da FCM, explica sobre pesquisa que analisa atores sociais envolvidos na análise de um centro de reabilitação auditiva. Foto: Karen Moraes/ARPI

Claudio Coy, diretor da Faculdade de Ciências Médicas, declarou a importância da união da FCM, PUC e Secretaria de Saúde. “Acho que tem que ser assim mesmo em Campinas, com as grandes universidades e a prefeitura atuando juntas, principalmente na rede básica. Essa iniciativa que culminou no segundo seminário ajuda na implantação de políticas relacionadas à saúde auditiva, além de capacitação da rede básica. Isso deve ser muito valorizado. Fico muito satisfeito de esse evento estar acontecendo aqui na faculdade”, afirmou.

Compuseram ainda a mesa solene Arthur Castilho, coordenador de Otologia e Implante Coclear do Instituto de Otorrinolaringologia & Cirurgia de Cabeça e Pescoço (IOU), e Ana Luiza Ferreira Meres, diretora de Enfermagem e Assistência do Hospital PUC Campinas. A programação do seminário seguiu com a palestra “Saúde Auditiva no SUS Campinas”, com a fisioterapeuta Alexandra Ganev e a fonoaudióloga Karin Nivoloni. O evento contou ainda com a tradução dos intérpretes de Libras Thiago Laubstein, Rosana Nunes e Amanda Balarin.

Desenhos da artista Rosilene Fontes compõem mostra que reflete sobre surdez e capacitismo. Foto: Karen Moraes/ARPI

Exposição “O diagnóstico da cigarra”

Integrando o seminário, foi realizada a abertura da exposição “O diagnóstico da Cigarra”, produzida pela artista plástica, arquiteta e urbanista Rosilene Fontes. A mostra fica em cartaz no Espaço das Artes da FCM até 15 de março. Rosilene, que tem surdez bilateral, conta que a origem dos trabalhos remonta à de sua perda auditiva, quando, aos 9 anos, percebeu que só ouvia do lado direito o canto de uma cigarra. Aos 21 anos, um exame de audiometria constatou a surdez irreversível do lado esquerdo e, posteriormente, a perda auditiva do lado direito.

“Montei no ateliê um laboratório com tudo que me fazia lembrar de som, como insetos, conchas e pedras, além imagens de livros, documentos e fotografias, e a partir daí comecei a criar objetos, alguns deles nessa exposição”, declarou a artista. Assim, “Audiometrias” reúne exames de 1982 a 2018, com a evolução de sua perda auditiva. Já a sequência de desenhos de insetos, a partir da cigarra, são acompanhados de adjetivos capacitistas que Rosilene ouviu ao longo da vida, como “desligada” ou “lerda”. “Esse é o papel da arte: comunicar e refletir”, declarou a artista.

Rosilene Fontes na abertura da exposição "O diagnóstico da cigarra". Foto: Karen Moraes/ARPI

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