Quali-Junina reúne pesquisadores qualitativistas da Unicamp
Publicado por: Camila Delmondes
17 de julho de 2017

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Cerca de 70 pesquisadores qualitativistas compareceram à 4ª Reunião Trimestral Aberta sobre Pesquisa Qualitativa das Áreas da Saúde da Unicamp. O evento, carinhosamente apelidado de Quali-Junina, aconteceu no dia 29 de junho, na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp.

O evento iniciou-se com a exposição teórica intitulada Estudo quali documental: uma análise de enunciados na mídia entre saberes da Biologia e da Cultura, proferida por Ana de Medeiros Arnt, bióloga, mestre e doutora em Educação pela UFRGS, atualmente docente do Instituto de Biologia da Unicamp.

Ela relatou sua investigação qualitativa de característica teórica, que teve como material de estudo a revista Ciência Hoje, editada entre 1990 e 2010. Foi tratado com análise de discurso, partindo do alvo de compreender de que modo o campo do conhecimento da Genética faz para nomear, classificar e falar do ser humano, em reportagens do período, levantadas na revista.

“O silêncio atento da plateia apontou o interesse causado no público frente a esta metodologia documental, que é menos usual no meio da saúde assistencial”, disse Egberto Turato, professor titular em Prática de Ciências do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da FCM e coordenador do encontro.

Na sequência, houve o debate denominado Pertinência da técnica mix de coleta: grupo focal com entrevista individual em pesquisa com dentistas, a partir de colocações feitas pela dentista Célia Regina Sinkoç, que desenvolve projeto junto ao Mestrado Profissional em Odontologia, área de Saúde Coletiva, sob orientação da professora Luciane Miranda Guerra, da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) da Unicamp.

A mestranda mapeou problemas metodológicos sobre a investigação acerca da percepção de estresse, ansiedade e depressão, quando associados ao trabalho de cirurgiões dentistas da rede pública da cidade da região. A pesquisa também buscou conhecer os significados pessoais da atividade laboral mencionados pelos entrevistados.

A reunião terminou após o debate Problemas na relação acadêmica entre paradigmas distintos: as publicações ‘quali’ na área biomédica, com exposição de depoimentos das psicanalistas Lia Keuchguerian Silveira Campos, doutora pelo Programa de Ciências Médicas na Área de Saúde Mental, e Débora Bicudo Faria-Schützer, doutoranda do Programa de Tocoginecologia. A orientação da pesquisa é de Egberto Ribeiro Turato e co-orientação da professora Fernanda de Castro Surita, do Departamento de Tocoginecologia da FCM.

As questões norteadoras do debate foram: Como seria a linguagem adotada pelos profissionais psis para que seus artigos sejam lidos pelo consumidor biomédico?; Como formatar trabalhos psis para aceitação de uma editoria médica?; Para quem, prioritariamente, psicanalistas escrevem resultados de suas pesquisas quando inseridos numa instituição médica, e quem realmente se interessa?; Quais as motivações e interesses de profissionais não-biomédicos em migrar e publicar nessa área?; Como lidar com as grandes questões políticas da academia: as exigências da CAPES e do sistema internacional de pesquisas/publicações para a área biomédica?

“O alvo dos encontros quali, que tem ocorrido a cada três meses e são abertos ao público acadêmico, tem sido discutir conceitos e técnicas das múltiplas metodologias de investigação nesse grande enfoque, tais como usadas nos campos da clínica, gestão e ensino”, disse Turato.

Os projetos trazidos às reuniões são relativos a iniciações científicas, mestrados, doutorados e pós-doutorados, enquanto aplicados à melhor abordagem humanista nas práticas assistenciais, administrativas e pedagógicas. A dinâmica adotada é Roda de Conversa a partir de um tema conceitual e de dois breves relatos de situação problematizadora de projetos, práticas ou artigos que estejam em andamento em cursos e programas da Saúde da Unicamp.

O público foi composto por orientadores de teses e alunos de pós-graduação e esteve dividido de modo equilibrado entre médicos, enfermeiros, dentistas, psicólogos, fonoaudiólogos, biólogos da Unicamp e também uma engenheira civil que estuda os sentidos da interface saúde e ambiente. Para essa edição, vieram pós-graduandos da Psicologia da USP-Ribeirão, Famema, Faculdade de Saúde Publica, PUC-Camp, Unifesp.

A próxima reunião será no dia 26 de outubro, também na FCM. Informações e contato com o professor Egberto Turato pelo email erturato@fcm.unicamp.br.



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