Ocorreu na manhã da última segunda-feira (10) reunião da Comissão de Extensão Universitária e Assuntos Comunitários da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. O evento contou com a presença do professor aposentado Roberto Teixeira Mendes. O docente foi, na Unicamp, pró-reitor de Extensão e coordenador Centro de Saúde da Comunidade (CECOM), e na FCM, diretor-associado 2014 a 2018, coordenador da Comissão de Extensão e docente do departamento de Pediatria.

Teixeira continua colaborando com a Unicamp com assistência e pesquisa em Pediatria. Ele foi convidado pelo professor do Departamento de Saúde Coletiva e atual coordenador da Comissão de Extensão da FCM, Rubens Bedrikow, para falar sobre o tema. Segundo Teixeira, “a extensão ocorre quando a universidade ‘organiza’ um problema que está sem norte na sociedade civil, seja numa comunidade ou indústria, a partir de pressupostos e métodos acadêmicos, envolvendo alunos, e refletindo junto de quem o vivencia”.

“A indissociabilidade entre ensino e pesquisa só ocorre na extensão”, continuou Teixeira. Assim, ele compara o projeto de extensão ao de pesquisa. “Diante do problema encontrado, é preciso elaborar plano de intervenção que necessariamente envolva os afetados, com objetivos e apresentação de resultados”. Rubens aponta que, ao interagir com a comunidade, inevitavelmente são originados temas de pesquisa, e, da troca entre professor e aluno, ocorre o ensino.

Teixeira exemplificou com dois projetos de extensão bem sucedidos na FCM. Na própria Vila Paula, professores e alunos da FCM encontraram pessoas sem assistência à saúde, e passaram a realizar seu atendimento. Já o programa PARTY, sobre técnicas de prevenção de acidentes, é liderado pelo professor Gustavo Fraga, do Departamento de Cirurgia da FCM, há cerca de 15 anos. “Essa possibilidade de integrar com outras áreas é muito bacana. Dá para sermos criativos e trabalharmos com outros colegas da universidade que tenham a mesma afinidade”, declarou. 

Ainda segundo Teixeira, uma discussão que tem sido feita é a chamada “curricularização da extensão”. Trata-se de inserir no currículo formal as disciplinas que lidam com questões mais concretas e menos teóricas, dando suporte ao ensino. “A Saúde Coletiva já faz isso, atuando em unidades de saúde e outros projetos. Com certeza os alunos se beneficiam muito, pois atuam numa questão palpável”.

A respeito do protagonismo dos alunos, Teixeira lembrou da importância das ligas acadêmicas, que têm potencial muito grande. Rubens apresentou caso de sucesso da Liga de Pediatria e Cirurgia Pediátrica, que, atuando na Vila Paula com o tema da gravidez na adolescência, teve projeto institucionalizado na FCM. Os ligantes vão apresentá-lo em congresso em Roma no começo de maio, e a partir disso, irão desenvolver pesquisa.

Outro aspecto mais evidente para as pessoas a respeito da extensão, segundo Teixeira, são os cursos, que podem ser gratuitos ou pagos. “O princípio da universidade pública e gratuita que todos abraçamos nem sempre consegue viabilizar oportunidades como grandes projetos e convênios com empresas, que devem ter financiamento. Muita coisa boa pode acontecer com verba destinada à extensão, pela universidade, ou de parcerias de fora, de instituições públicas ou privadas. É um novo rol de possíveis trabalhos”.

Dicas para fazer extensão

O professor Rubens Bedrikow elaborou documento com dez dicas para fazer um projeto ou programa de extensão, baseadas em sua experiência com editais como os da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (ProEC). Após aprimoramento, o texto será disponibilizado na página da Comissão. O coordenador se disponibiliza às segundas-feiras de manhã para atender aos docentes que queiram elaborar ou discutir seus projetos.

Veja também

Professor Rubens Bedrikow é premiado pela ProEC e crianças da Ocupação da Vila Paula acompanham peça de teatro na Casa do Lago

Espaço das Artes da FCM recebe produção de moradores da Ocupação Vila Paula