Professor da FCM atinge a marca de 250 participações em bancas examinadoras
Publicado por: Camila Delmondes
15 de dezembro de 2020

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Egberto Ribeiro Turato, professor da disciplina em Prática de Ciências do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, alcançou a marca de 250 participações em bancas examinadoras. Se considerar as orientações de Iniciação Científica (31), de PIBIC-Ensino Médio (11), de projetos de alunos do 1º ano médico da disciplina de Prática de Ciências (44) e pesquisas de pós-doutoramento (11), esse número seria de 352 bancas até o momento. Até que os atuais orientandos de pós-graudação cheguem à finalização das defesas, Egberto terá ainda 11 novas bancas defesa presidir nos próximos anos dentro da Universidade, além de prováveis novos convites externos à Unicamp.

Esse marco aconteceu ao longo de 30 anos de envolvimento com pesquisas e orientações. Para se chegar a esse número de participações, considerou-se sua participação como arguidor em avaliações de dissertações e teses de pesquisadores de pós-graduação e também como examinador de candidatos em concursos da carreira universitária.

As participações nessas comissões distribuiram-se em 108 bancas de doutorado (55 de defesa e 53 de qualificação), em 110 comissões de mestrado (45 de defesa e 65 de qualificação), além de 32 bancas de exame de candidatos em seleção para ingresso em cargo docente-pesquisador universitário ou de já professores para a ascensão na carreira.

Egberto ingressou no curso médico da Unicamp aos 18 anos de idade. Estudo na Santa Casa, centro de Campinas, no então alugado hospital pela Universidade para formação de seus estudantes. Fez residência médica em psiquiatria. Entrou na carreria docente em 1985 e foi o primeiro professor do Departamento de Psiquiatria e Psicologia Médica a obter o título de doutor. Ele obteve seu doutorado com bolsa Fapesp no Programa de Saúde Mental da Unicamp, em 29 de agosto de 1988, com a tese Infarto do miocárdio – Histórias de vida e opiniões de pacientes.

De uma geração de docentes ingressantes na carreira na década de 1980,  foi requisitado a examinar a qualificação da maioria de seus colegas da especialidade, que então buscavam suas titulações. A primeira banca de qualificaçãode mestrado foi do professor Sérgio Luiz Saboya Arruda, em 01 de março de 1989. Depois se seguiram as de Mário Eduardo Costa Pereira, Eloísa Helena Rubello Valler, Neury José Botega e Ligia Haeitmann.

A banca número 250 ocorreu recentemente, por participação remota devido à pandemia de Covid-19 no Programa de Saúde Interdisciplinaridade e Reabilitação da FCM, na defesa de dissertação da fisioterapeuta Juliana Medina Butafava, que fez um estudo qualitativo sobre percepções sobre o trabalho de adultos com deficiência intelectual.

O salto para um grande número de convites advindos de todo o País para participar de bancas examinadoras ocorreu no início dos anos 2000, após a publicação de sua obra Tratado da Metodologia da Pesquisa Clínico-Qualitativa: Construção Teórico-Epistemológica, Discussão Comparada e Aplicação nas Áreas da Saúde e Humanas, pela Editora Vozes, hoje na 6ª edição. Egberto Turato é o criador do Método Clinico-Qualitativo (MCQ), amplamente aceito no país e adotado em numeroso programas de pós-graduação brasileiros.

Passando a ser reconhecido nacionalmente pelos estudos e aplicação de Métodos Qualitativos em Saúde, seu nome passou a ser lembrado com muita frequência para ser examinador de dissertações e teses, empregando o método “quali”, numa multiplicidade de assuntos específicos abordados.

“Embora eu seja médico com título de especialista pela Associação Brasileira de Psiquiatria, sou chamado para bancas em diversas áreas da clínica médica, ginecologia, obstetrícia, pediatria, saúde coletiva, oftalmologia, enfermagem, terapia ocupacional, fonoaudiologia, educação física, muitas em psicologia, e até em engenharia agrícola, todas por conta do método científico usado e não tanto por conta do tema sob investigação propriamente dito”, explica Egberto Turatto.

Isso aumentou sua participação em bancas em universidades públicas e privadas de diversas Regiões do país, desde a Federal do Ceará à Federal de Santa Maria no Rio Grande do Sul, principalmente para avaliar investigações qualitativas em objetos da áreas amplas: de saúde pública, da clínica assistencial, de enfoque filosófico fenomenológico e ainda da psicanálise.

“Nessas ocasiões, além de integrar a comissão julgadora de um mestrado ou de um doutorado, sou também convidado a proferir palestra sobre metodologia qualitativa, por haver crescente demanda das áreas de saúde social e biomédicas em aprender mais sobre este enfoque de pesquisa que foi trazido das Ciências Humanas”, comenta Egberto.

Motivado pelos convites em bancas “qualitativas”, nas quais lhe reservam a arguição para as questões metodológicas da pesquisa, o professor relata que se entusiasmou pelo aprofundamento em História da Ciência e Epistemologia, além das metodologias científicas em Saúde. Assim, direcionou sua trajetória para ascender na carreira com Livre-Docente e de Professor Titular na disciplina de “Prática de Ciências”, sendo o único docente da FCM e da Unicamp com esse título específico.

A lógica do ritual das bancas

“De tanto estar sentado à mesa dos arguidores, eu fecho os olhos e já prevejo as frases que falarão, considerando a etiqueta formal enquanto convidados, sua formação profissional, quem falará por primeiro, quem falará por último e qual a seção do trabalho sobre o qual se está comentando”, brinca o professor.

De acordo com Egberto, existe uma configuração comportamental, social e acadêmica que sobredetermina as falas nas bancas examinadoras, seja de avaliação de teses sob defesa ou de memoriais em caso de concurso de admissão à carreira: as intervenções seguem à uma lógica ritualística que se aprende pela rotina na atividade.

“É raro haver manifestações com manifestações inusitadas, sejam de avaliadores light ou durões”, analisa Egberto.

Contexto acadêmico

Das 250 participações em bancas, estão aquelas presididas pelo próprio docente por serem qualificações ou defesas deseus orientandos. Em fevereiro deste ano, Egberto teve sua 40ª dissertação/tese orientada concluída, consistindo um total de 20 mestrados e 20 doutorados, considerando a supervisão de pesquisa nos programas de Pós-Graduação em Ciências Médicas, Tocoginecologia e Mestrado Profissional em Oncologia da FCM em que está credenciado.

Quanto a bancas de ingresso em carreira, Egberto foi examinador do concurso para ingresso dos primeiros docentes do novo curso médico da UFSCar em 2005, na área de Saúde Mental, com aprovação de três candidatos para a docência. Igualmente, foi julgador do ingresso dos primeiros docentes de novo curso médico UFPE, aberto no Campus do Agreste em Caruaru em 2013, avaliando na subárea de psiquiatria. Destaca-se que também foi examinador de concursos de Professor Titular nas universidades públicas UFMG, UFSM, UFSC, USP e na Escola de Especialistas de Aeronáutica - EEAR, em Guaratinguetá SP.

O professor notou a demanda de pesquisadores por ter clareza da diferença métodos científicos quantitativos (das ciências naturalistas) e qualitativos (dos estudos de humanidades). A pedido da editoria da Revista de Saúde Pública, da USP, escreveu o artigo conceitual Qualitative and quantitative methods in health: definitions, differences and research subjects, com mais de 1,4 mil citações (versão em português + inglês), sendo referenciado por autores dos continentes norte-americano, europeu, africano e asiático, havendo menções em artigos em grafia grega, persa, mandarim, tailandesa e outras, que confirmam a repercussão internacional. O texto também foi adotado no College of Health, Human Services and Science, Ashford University, San Diego CA, USA.


Texto e fotos: Egberto Turato
Edição: Edimilson Montalti – FCM/Unicamp



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