Planes das pós-graduações em Ciências Médicas e Fisiopatologia Médica recebem coordenadores das áreas de Medicina I e II da Capes
Publicado por: Camila Delmondes
25 de março de 2024

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À esquerda, no destaque da imagem, de cima para baixo, os professores Paulo Louzada Júnior e Gil Guerra Junior, respectivamente, coordenador da área de Medicina I e coordenador adjunto da área de Medicina II da Capes/Fotos: Eneida Rached e Divulgação

Em continuidade aos Planejamentos Estratégicos (Planes) dos programas de pós-graduação da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, foi realizado no dia 12 de março, na sala da Congregação da FCM, a abertura conjunta dos Planes dos programas de pós-graduação em Ciências Médicas (PPG-CMED) e Fisiopatologia Médica (PPG-FISIO). Ambos os programas pertencem à área de Medicina I da Capes, e contam com os mesmos critérios de avaliação, além de serem multidisciplinares com várias áreas de concentração.

Após mensagens de boas-vindas, os coordenadores do PPG-CMED e PPG-FISIO, respectivamente, Lício Augusto Velloso e Társis Antonio Paiva Vieira, destacaram a importância do Planes para ambos os cursos  e a presença, no evento: do diretor da FCM, Cláudio Coy, do coordenador da área de Medicina I e do coordenador adjunto da área de Medicina II da Capes, respectivamente, Paulo Louzada Júnior, e Gil Guerra Junior, que também é professor titular do Departamento de Pediatria da FCM.

“Há um empenho da FCM na elaboração e na execução dos planejamentos estratégicos que têm ocorrido em quase todos os cursos de pós-graduação da faculdade, por ser uma atividade que qualifica os cursos de pós-graduação da FCM ao trazer um direcionamento para demandas bem objetivas – algumas conhecidas e outras novas – tanto para os próprios cursos de pós-graduação, quanto para a coordenadoria de pós-graduação e para a Diretoria da FCM”, disse o diretor da FCM, Cláudio Coy.

Assísta a cerimônia de abertura, na íntegra, abaixo:

Capes

Em sua fala, Paulo Louzada Júnior destacou que a autoavaliação e o planejamento estratégico são atividades importantes para a Capes e que há tendência de aumento da pontuação desses itens na próxima avaliação, além de outros. Explicou que a análise de egressos é feita para saber se o programa está atingindo seus objetivos e responde com uma pontuação acima de 20% na avaliação. E que os objetivos do programa devem constar no regulamento, que precisa ser revisado.

“Os programas precisam mudar para atrair novos talentos. O longo período de formação entre a graduação e o doutorado – que para os médicos pode chegar a 15 anos – faz com que muitos egressos cheguem ao mercado de trabalho com 40 anos de idade, quase 10 anos a mais em relação a outros países. Precisamos atrair nossos jovens para a inovação e o empreendedorismo, de modo a ajudar a sociedade a partir de uma matriz curricular que faça frente aos desafios atuais”, comentou.

O representante da Capes falou sobre o desafio enfrentado pelos programas de pós-graduação na retenção de alunos de doutorado. Segundo ele, o ideal é que a cada dois mestrados, um siga para o doutorado, e que a cada dois formandos, um deles venha a ser o primeiro autor em periódicos.

“O mercado de trabalho do país não valoriza o egresso com doutorado. E, nas instituições onde se consegue fazer pesquisa e que valorizam o egresso doutor, não há vagas e nem concursos de ingresso. Isso faz com que os egressos com doutorado busquem mercado de trabalho no exterior. Há receio de enviar aluno para doutorado sanduíche, pois o aluno não retorna ao Brasil. Falta uma mobilização junto ao governo. Essa é uma realidade triste”, afirmou.

Dentre as críticas apresentadas quanto ao sistema nacional de pós-graduação, Paulo deu ênfase à mudança da legislação, que deixou de exigir que as instituições de ensino superior tivessem docentes com doutorado – agravando a situação do mercado de trabalho para doutores – e à pouca ligação do programas com o planejamento estratégico.

Dentre as melhorias, o especialista citou como exemplos, as inovações da pós-graduação da Universidade de São Paulo (campus Ribeirão Preto), dentre as quais: a centralização da secretaria de pós-graduação; a renovação da matriz curricular; e a diminuição do número de disciplinas oferecidas. Falou, ainda, sobre a renovação do quadro docente.

“Uma boa política para o programa é absorver jovem pesquisador, pois isso mostra que o PPG está preocupado com a renovação e isso pontua positivamente na avaliação da Capes. A Capes permite colocar até 30% de jovens sem produção (de forma a não impactar nas ponderações), como permanente. Trata-se de um incentivo para que, no futuro, o PPG atinja a produção esperada”, disse.

[...]

Em seguida, o coordenador adjunto da área de Medicina II da Capes, Gil Guerra Júnior, fez um relato da pós-graduação Stricto sensu brasileira. Na ocasião, ele abordou o início das universidades brasileiras, nas décadas de 1940 e 1950, a institucionalização da pós-graduação, entre 1960 e 1970, e dos sistemas de avaliação, ao final dos anos 2000. E, mais recentemente, da consolidação do sistema de avaliação da pós-graduação, que a cada dia se renova.

“Dado um crescimento constante anual, desde 2013, o Brasil atingiu em 2021 a marca de 4.559 PPGs, com 112.000 ingressantes e 79.000 titulados. Ainda assim, quando comparada a evolução de títulos de doutorado concedidos, entre 2004 a 2017, observamos que o nosso país ainda está muito atrás em relação a países como Polônia e Dinamarca. Enquanto aqui temos uma média de cerca de 30 mestres para cada 100 mil habitantes, nesses países a proporção é de 600:100”, contou Gil Guerra, explicando que uma das condições para essa diferença é o mercado de trabalho oferecido aos mestres e doutores, que além da demanda, conta com melhores condições salariais e de crescimento na carreira.

A assimetria nos PPGs por regiões do país e a preocupação com a saúde mental de alunos e professores, no pós-pandemia de Covid-19, foram outras preocupações da Área de Medicina II da Capes, apontadas por Gil Guerra. O coordenador adjunto também falou sobre acesso, permanência e conclusão do curso; empregabilidade e aproximação dos programas com o setor produtivo não acadêmico, de modo a ampliar a pesquisa e o mercado de trabalho para os egressos.

Dados da Capes mostram que a grande maioria dos mestres e doutores, no Brasil, são empregados em maior número pelos setores de Educação, Administração Pública, Defesa e Seguridade Social, e Saúde. Diante desse cenário, são estratégias da instituição, segundo Gil Guerra: a distribuição de bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado, com prioridade para as regiões assimétricas (norte, nordeste e centro-oeste); e o aumento das bolsas de pós-doutorado, com possibilidade de acúmulo de bolsas e vínculo empregatício.

“Em 2023 já começou a distribuição de bolsas de pós-doutorado para os programas com notas 5, 6 e 7. Em 2024, para os programas nota 4, e em 2025, para os de nota 3”, afirmou.

Outra estratégia, ainda de acordo com Gil Guerra, é o Programa de Governança Colaborativa de Informação da Pós-Graduação (GoPG), criado em 2023, que proporciona o preenchimento automático da plataforma Sucupira, com informações certificadas e sistema mais fluído.

“Dentre as inúmeras maneiras, uma delas é usar o SCIVAL, uma plataforma da Scielo junto com a Elsevier, que por meio do ORCID permite visualizar a performance do pesquisador, pois consegue dados de toda a sua produção e a qualifica, ou seja, se ela está acima, abaixo ou na média em relação aos pares. Isso é bom, pois o artigo do pesquisador deixa de ser comparado com o restante do mundo e passa a ser comparado com a área específica”, explicou.

A plataforma SCIVAL, como explica Gil Guerra, considera a área de um dado artigo, a revista e o escopo da revista. Através dela, é possível identificar se o artigo tem ou não colaboração internacional, por quantas pessoas foi visualizado, oferecendo outras métricas de avaliação da produção acadêmica.

Gil apresentou, ainda, o cenário da empregabilidade dos egressos da Medicina I, por meio do sistema da Capes da pós-graduação e por meio do site RAIS, com dados até 2022. A sigla RAIS se refere à Relação Anual de Informações Sociais, que é uma forma encontrada pelo governo de coletar dados trabalhistas, a fim de identificar a situação do mercado de trabalho brasileiro.

“Na Unicamp, a Hemoterapia e Hematologia conta com 100% dos egressos empregados. A Fisiopatologia tem 67,8%. A clínica Médica, 72%. A Ciências Médicas, 68%. Em relação a área da empregabilidade dos egressos, a Medicina I – Fisiopatologia apresenta como vocação do programa, empregar egressos na Área de Ensino e Saúde, com egressos pesquisadores e em função de liderança, dentre outras”, exemplificou.

O sistema também permite avaliar a diferença salarial antes e depois do programa, comenta o docente da FCM e coordenador adjunto da Capes.

“Na Medicina I, a variação salarial varia entre 4 mil e 5 mil reais. Na Fisiopatologia, especificamente, a média salarial variou em 3 mil reais. O ganho salarial efetivo, comparando antes e depois da pós-graduação, também tem que ser mostrado para atrair novos candidatos”, afirmou.


Após a solenidade de abertura, os planejamentos estratégicos tiveram sequência, nos dias 12 e 13 de março (PPG-Fisio) e 14 e 15 de março (PPG-CMED). Após as reuniões, os programas elaborarão documentos que formalizam e registram todo o conteúdo produzido. Conteúdos estes, que nortearão as execuções dos planos e ações estratégicas para o quadriênio 2024-2027.

Professores e funcionários do PPG-CMED participam de dinâmica sobre as principais tendências relacionadas ao programa/Foto: Eneida Rached
Professores e funcionários do PPG-FISIO participam de dinâmica sobre as principais tendências relacionadas ao programa/Foto: Eneida Rached

 



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