Pesquisa da FCM sobre linfomas foliculares e de células do manto concorrerá ao Grande Prêmio Capes de Tese, em dezembro
Publicado por: Camila Delmondes
04 de outubro de 2021

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A 16ª Edição do Prêmio Capes de Tese divulgou, no início desse mês, a lista com os 49 trabalhos selecionados e outros 92 indicados para menção honrosa. A tese do estudante do Programa de Pós-graduação em Clínica Médica da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, Guilherme Rossi Assis de Mendonça – orientada pelo professor do Departamento de Patologia, José Vassallo, e coorientada pela professora do Departamento de Anestesiologia, Oncologia e Radiologia, Carmen Silvia Passos Lima – foi selecionada a melhor tese dos Programas de Pós-graduação do país na área de MEDICINA I e concorrerá ao Grande Prêmio Capes de Tese, no mês de dezembro.

Intitulada “Impacto biológico do microambiente inflamatório peritumoral e de polimorfismos em genes da imunidade nos linfomas foliculares e de células do manto”, a pesquisa realizada pelo pós-graduando da FCM buscou compreender os mecanismos envolvidos no risco de aparecimento, progressão e óbito de pacientes portadores de linfoma folicular e de linfoma de células do manto. Foram avaliados 227 pacientes com linfoma folicular e 112 pacientes com linfomas de células do manto do Hemocentro da Unicamp e do Hospital A.C. Camargo, em São Paulo-SP.

Segundo explicou Guilherme Mendonça, o ponto central da pesquisa foi estudar a interface entre ambos os tipos de linfomas e o sistema imunológico, considerando que as células e as moléculas do sistema imune dos pacientes podem tanto combater a origem e progressão dos tumores (função anti-tumoral), quanto contribuir para o desenvolvimento da doença (função pró-tumoral).

“Nesses dois subtipos de linfoma esse cenário até então não era claro. Os poucos estudos realizados até o momento abordavam somente partes limitadas do sistema imunológico e com ferramentas diferentes, dificultando a reprodutibilidade dos resultados. O que o nosso estudo fez foi proporcionar uma abordagem mais abrangente a partir de tecnologias reprodutíveis”, comentou o pesquisador.

Ao todo, a pesquisa realizada por Guilherme detectou 16 variantes genéticas de nucleotídeo único (SNVs) distribuídas em oito genes que atuam em vias de sinalização do sistema imunológico no DNA de sangue periférico de pacientes com os linfomas, e também de indivíduos saudáveis (grupo controle). E constatou que a frequência de SNVs nos genes TFGB1, TGFBR2, IL17A e IL17F era diferente entre os grupos, indicando que as SNVs possivelmente atuam na gênese dessas doenças.    

A pesquisa observou também que SNVs no gene IL12A alteraram a sobrevida dos pacientes com linfomas foliculares, e que o mesmo foi observado com os pacientes com linfomas de células do manto para SNVs nos genes IL2 e TGFBR2.

No que se refere às células imunológicas, o estudo detectou diversas populações celulares nas biópsias dos tumores utilizando software automatizado, eliminando a subjetividade no processo de contagem das células. E, ainda, permitiu a realização de análises estatísticas específicas.

“Observamos, por exemplo, que para ambos os linfomas, os linfócitos T-citotóxicos (CD8+) e os linfócitos T-reg (FOXP3+) desempenharam papeis relevantes no prognóstico dos pacientes, bem como proteínas do eixo Th17 (IL17A e IL17F)”, disse Guilherme.

Importante para confirmar os papeis do sistema imunológico na recidiva e progressão dos linfomas foliculares e linfomas de células do manto, o estudo também indicou que alterações genéticas herdadas atuam na regulação de ambas as doenças.

“Nossa expectativa é poder, no futuro, contribuir para nortear as estratégias de imunoterapia”, disse o pesquisador, ao destacar a importância de que os resultados do seu trabalho sejam, agora, validados por outros grupos de pesquisadores, em estudos maiores e de caráter prospectivo.

Ao comentar sobre a premiação de Guilherme, Carmen Silvia Passos Lima, lembrou-se da inequívoca tendência para pesquisa de seu coorientando, durante a graduação em Medicina, ocasião em que o mesmo fez parte do programa denominado Pesquisador em Medicina (MD/PhD), em que as atividades do curso são interrompidas temporariamente para a realização do doutorado.

“Tal programa foi desenvolvido para evitar a perda de pesquisadores médicos em meio às inúmeras atividades clínicas inerentes ao início de carreira. Ao término do processo, o Guilherme obteve dois títulos: de médico e doutor”, disse a docente.



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