Pesquisa aponta as causas de mortalidade de mulheres de 10 a 49 anos de idade em Campinas, nos últimos 20 anos
Publicado por: Camila Delmondes
21 de novembro de 2016

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O Centro Colaborador em Análise de Situação de Saúde (CCAS) da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp acaba de divulgar o Boletim nº 53 com os dados sobre mortalidade de mulheres em idade fértil de Campinas nos últimos 20 anos. As causas mais frequentes foram as neoplasias (tumores), as doenças cardiovasculares, as causas externas e as infecto parasitárias. Esses quatro grupos foram responsáveis por 68,3% do total de óbitos. Já as mortes maternas relacionadas à gravidez, parto e puerpério corresponderam a 2,2% dos óbitos registrados.

“Em Campinas, são investigados todos os óbitos de mulheres em idade fértil, independentemente da causa do óbito. A investigação é realizada por meio da revisão de prontuários ambulatoriais e hospitalares, entrevistas com familiares e checagem no Serviço de Verificação de Óbitos”, explicou Marilisa Berti de Azevedo Barros, professora de Epidemiologia do Departamento de Saúde Coletiva da FCM e coordenadora do CCAS.

De acordo com a pesquisa, o declínio do risco de óbito das mulheres em idade fértil foi de 33,4% entre 1995 e 2004, e de 8,3% entre 2005 e 2014. Apenas as mortes relativas aos acidentes de trânsito e pneumonia apresentaram aumento entre 2000 e 2014.

Entre as mulheres mais jovens, as causas externas constituem os óbitos mais frequentes, já entre aquelas com mais de 30 anos, as principais causas de óbito foram os tumores e as doenças do aparelho circulatório, segundo os dados do boletim. Ainda de acordo com a pesquisa, o número de mortes obstétricas diretas aumentou de 19 para 31, de 2000 a 2014, e as indiretas passaram de 19 a 11, no mesmo período.

Gestação e morte

Desde 1998, o município de Campinas passou a realizar a investigação dos óbitos maternos. Em 2001, foi criado o Comitê Municipal de Vigilância do Óbito Materno e Infantil (CMVOMI). A partir de 2006 o comitê passou a agregar profissionais das equipes de vigilância dos Distritos e representantes dos hospitais universitários e maternidades de Campinas. Apenas no período de 2010 a 2014, ocorreram 1.498 óbitos de mulheres em idade fértil em Campinas.

“De 2000 a 2014, o Comitê identificou 80 mortes maternas, dentre as quais 22 em que esta causa não constava na declaração de óbito. As principais causas de morte materna em Campinas foram a hipertensão e as hemorragias e doenças prévias que tiveram complicação durante a gestação e parto”, revelou a professora do Departamento de Saúde Coletiva da FCM e coordenadora do CCAS, Marilisa Berti de Barros.

Outro indicador apontado pela pesquisa é a gestação na adolescência. De acordo com a professora da Unicamp, a gestação na adolescência é um indicador de desigualdade social a medida em que se diferencia, significativamente, entre os estratos socioeconômicos. “Em Campinas, observamos uma redução de 33,1% do percentual de mães adolescentes entre 2000 e 2010, seguido, entretanto, de um aumento de 6,9% entre 2010 a 2014. O Distrito Leste apresentou o menor percentual (7%) e o Noroeste o maior (20%). Apenas no Distrito Leste o declínio manteve-se no período todo”, disse Marilisa.

Outro dado apontado nessa edição do Boletim do CCAS é com relação ao número de partos por cesariana. Em 2014, o percentual atingiu 73% dos nascimentos do Distrito Leste e 61% do Noroeste. “A desigualdade está diminuindo com a prática se alastrando. A diferença em pontos percentuais entre os dois Distritos mencionados diminuiu de 16 para 12 entre 2000 e 2014”, comentou Marilisa.

Em termos de pré-natal, a pesquisa apontou que o número de consultas aumentou no período estudado. Em todos os Distritos de Saúde houve redução no número de gestantes que tiveram seis consultas ou menos de pré-natal. O percentual com menos de sete consultas atingiu 16% das gestantes do Distrito Leste e 20,% das residentes nos Distritos Noroeste e Sudoeste.

Na questão de nascimento de bebês pré-maturos, os índices se mostram semelhantes entre os Distritos, aumentaram em todos eles: no período entre 2000 e 2004 a média foi 7,7% de crianças prematuras, e no período de 2010 a 2014 a média foi de 12,8% de crianças prematuras.

“O aumento da razão das mortes maternas em alguns Distritos de Campinas, o elevado percentual de parto por cesariana e o aumento do percentual de recém-nascidos prematuros mostram a relevância do monitoramento efetuado pelo Comitê, especialmente em áreas de maior vulnerabilidade social, no sentido de melhorar a qualidade da assistência no pré-natal e parto, especialmente às gestantes com problemas de saúde preexistentes”, destacou Marilisa.



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