O estrago que o incêndio causou na Ocupação Vila Paula
Publicado por: Camila Delmondes
05 de outubro de 2020

Compartilhar:

Por volta das três horas da manhã da segunda-feira, os moradores da ocupação foram surpreendidos por um incêndio voraz e devastador. Em pouco tempo uma área grande virou cinzas. Só não foi pior por causa da intervenção dos bombeiros. Tão logo amanheceu e as notícias começaram a chegar. Primeiro mensagens de pessoas de lá. Em seguida, notícias na imprensa. O vínculo que temos com os moradores da Vila Paula vem do programa de extensão universitária que ali desenvolvemos há quase três anos. Fomos para lá.

Mesmo antes de estacionar tive que encostar o carro para Paula, estudante da Unicamp, descer e substituir um dos líderes da comunidade no cuidado com as crianças. O colo e os braços da tia Paula já são bem familiares para esses miudinhos que nesse dia estavam agitados e mais carentes que o habitual. Esses encontros sempre renderam depoimentos e relatos espontâneos. Pouco depois outros alunos chegaram. Ao redor de Felipe estavam seis meninos e uma menina interessados no que ele dizia. Uns sentados, outros em pé, um na bicicleta. Por um momento as bolas estavam na mão e não no chão, entretidas na conversa. De repente, as dobraduras de papel transformaram-se em aviões de diferentes cores que cruzavam o pátio da escola. Meninas preferiram os colos das alunas. Alguns destes tiveram que ser compartilhados por duas delas ao mesmo tempo.

Na hora do almoço, a menina com o braço quebrado me ofereceu um sorriso orgulhoso porque a aluna Camila lhe dava comida na boca. A notícia de que os alunos do Dr. Rubens estavam na escola circulou rapidamente pela Vila. Aos poucos foram chegando mais crianças, felizes de rever os tios e tias que, por causa da pandemia, há meses não apareciam. Hoje, estavam como voluntários, dando atenção e acolhendo as crianças que foram acordadas de madrugada, assistiram o fogo destruir barracos, adultos desesperados, num clima de muito medo, pânico e impotência. Nessa manhã, mães e pais não tinham como dar colo aos filhos. E foi isso que os tios e tias da Unicamp fizeram. Foi assim que ouviram das crianças que “pegou fogo na favela, tia!”.


Continue lendo o relato originalmente publicado no site da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Unicamp pelo professor do Departamento de Saúde Coletiva da FCM, Rubens Bedrikow, que coordena um projeto de extensão universitária na Ocupação Vila Paula.



Notícias mais recentes



Formatura da 57ª Turma de Medicina da Unicamp celebra pioneirismo das cotas raciais

School of Medical Sciences Leadership Welcomes KU Leuven Delegation

(Divulgação) Costello Medical: Global Health Internship - January 5th 2025

(Divulgação) Fisioterapia do HC de Portas Abertas apresenta os cursos pós-graduação para futuros alunos

(Divulgação) Projeto Meses Coloridos enfatiza a prevenção da diabetes

Faculdade de Ciências Médicas
Universidade Estadual de Campinas

Correspondência:
Rua Vital Brasil, 80, Cidade Universitária, Campinas-SP, CEP: 13.083-888 – Campinas, SP, Brasil
Acesso:
R. Albert Sabin, s/ nº. Cidade Universitária "Zeferino Vaz" CEP: 13083-894. Campinas, SP, Brasil.
Desenvolvido pela TI / FCM