Nelson Filice, docente da FCM, participa de Cúpula Global de Medicina Tradicional da OMS na Índia
Publicado por: Karen Menegheti de Moraes
15 de setembro de 2023

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O professor do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, Nelson Filice de Barros, participou nos dias 17 e 18 de agosto da Primeira Cúpula Global de Medicina Tradicional, em Gandhinagar, na Índia. Promovido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o evento teve como lema “Rumo à saúde e bem-estar para todos”, congregando especialistas do mundo todo, com o objetivo de mobilizar o compromisso político e promover ações baseadas em evidências no campo das medicinas tradicionais. O encontro aconteceu paralelamente à reunião ministerial de Saúde do G20, com líderes de vários países, incluindo a ministra da Saúde, Nísia Trindade.

Nelson foi a convite da OMS como um dos representantes das Américas para tomar parte nas discussões sobre as Medicinas Tradicionais no mundo. Ele participou como consultor em reunião sobre projeto da OMS que visa pensar, identificar e discutir as evidências dessas práticas de cuidado. O docente trabalhará ao longo dos próximos dois anos como consultor desse projeto, que revisa o Protocolo de Evidências de Métodos de Pesquisa em Medicina Tradicional.

De acordo com o docente, em 1976 foi criado o programa de Medicina Tradicional na OMS. Em 1978, aconteceu a Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde em Alma-Ata, então URSS, quando foi publicada declaração que preconiza que praticantes de medicinas tradicionais trabalhem ao lado dos profissionais de saúde para garantir esse direito a todos, em âmbito mundial. Outros documentos foram publicados desde então, e, só em 2023, acontece a primeira Cúpula a respeito do tema. Além disso, a OMS ampliou a conceituação do campo, passando a denominá-lo Medicina Tradicional, Complementar e Integrativa (MTCI).

Nelson Filice, da FCM/Unicamp; Ricardo Ghelman, delegado da OMS para a construção da Cúpula; João Paulo de Souza, diretor do Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde/OMS; Islândia Sousa, Coordenadora do ObservaPICS/Fiocruz; Ricardo Weibe Costa, Secretário Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde; Socorro Gross, representante da OPAS/OMS no Brasil; Iracema Benevides, representante da RedePics Brasil; e Daniel Miele Amado, assessor técnico do Ministério da Saúde. Foto: divulgação/Nelson Filice

“Foi muito importante ter participado desse evento. Temos a preconização de incorporar profissionais das Medicinas Tradicionais nos sistemas de saúde há 50 anos. Sabemos que bilhões de pessoas no mundo seguem utilizando essas práticas de cuidado; no entanto, não sabemos quais as formas e métodos de investigar e produzir as melhores evidências de seu uso, uma vez que a metodologia é baseada na racionalidade científica, nos preceitos da medicina tradicional contemporânea ou biomedicina”, afirma Nelson.

Nesse contexto, foram levantados questionamentos como: a incorporação de outras práticas de cuidado relacionadas às Medicinas Tradicionais; a inclusão epistêmica justa, assimilação e visibilidade dessas práticas; e como trazer, de fato, as Medicinas Tradicionais para o núcleo dos cuidados, respeitando suas formas de existir, se reproduzir e produzir conhecimento. 

Na mesma ocasião, o Lapacis - Laboratório de Práticas Alternativas Complementares e Integrativas em Saúde da FCM foi citado pelo representante das medicinas tradicionais da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) em Washington, Jonas Gonseth García, como um dos principais grupos de pesquisa e desenvolvimento sobre práticas integrativas complementares no Brasil – que presidirá a conferência do G20 em 2024.

“O reconhecimento nesse primeiro evento traz importante visibilidade para o que temos feito na universidade, em relação à pesquisa, ensino e extensão, que tem produzido vários materiais, publicações e eventos relacionados ao tema”, declara Nelson, lembrando que o Lapacis existe desde 2006, tendo criado disciplinas de graduação e pós-graduação da FCM, bem como a linha de pesquisa “Práticas Alternativas, Complementares e Integrativas em Saúde”, do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva e o Curso de Especialização “Práticas Integrativas em Saúde: Ampliação da Cultura de Cuidado”.

Jonas García, responsável pelas Medicinas Tradicionais na OPAS, cita o Lapacis (FCM) como exemplo do compromisso com essas práticas de cuidado. Foto: reprodução vídeo/OMS


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