Infecção por bactérias transmitidas por animais desperta novas pesquisas em diagnóstico por imagem
Publicado por: Camila Delmondes
07 de outubro de 2015

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A professora e médica Marna Ericson, especialista em microscopia confocal a laser e pesquisadora no diagnóstico da infecção por bartonelas do Centro de Imagens do Departamento de Dermatologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Minnesota, Estados Unidos, ministrou na quinta-feira (4) a palestra Advances in Biomedical Imaging aos estudantes de pós-graduação da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. Em 2004, Marna ganhou prêmio da revista Science ao capturar a imagem da autofluorescência de um carrapato, um dos vetores das bactérias, responsáveis, entre outras, pela doença da arranhadura do gato.

Marna está na Unicamp por meio do programa Ciências sem Fronteiras. Ela veio a convite do médico e professor Paulo Eduardo Velho para trabalhar no laboratório de Bartoneloses Humanas da FCM e colaborar no Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de Fotônica Aplicada à Biologia Celular (Infabic), que tem como vice-coordenador o professor Carlos Lenz César, do Instituto de Física da Unicamp. “Paulo Velho realizou seu pós-doutorado em meio laboratório durante um ano e estabelecemos colaborações em vários projetos de pesquisa, principalmente na infecção por bartonelas. Agora é minha vez de retribuir essa visita, infelizmente por apenas um mês”, disse Marna.

Bartonella é uma bactéria que possui 40 subespécies. Ela é transmitida por mordeduras de animais, arranhões de gatos e cães, mosquitos, piolhos, carrapatos e pulgas. As espécies de Bartonella são relacionadas a quatro doenças: doença de Carrión; febre das trincheiras; doença da arranhadura do gato e angiomatose bacilar. Apesar de ser negligenciada, há pouco mais de uma década a doença passou a receber mais atenção por parte de pesquisadores. Entretanto, no Brasil, existem poucos estudos sobre a ocorrência de infecções por bartonelas em humanos. Trabalhos publicados por pesquisadores da Unicamp, utilizando microscopia eletrônica de transmissão e cultura da bactéria, mostram a capacidade dessa bactéria sobreviver no sangue armazenado por 35 dias.

“Nós encontramos 90% dos gatos estudados de Campinas com bacteremia por Bartonella henselae. Entre doadores de sangue do Hemocentro, encontramos 3,2% deles com DNA da bactéria circulando no sangue doado e em 1,2% de 500 doadores isolamos as bartonelas. Recentemente, encontramos 10% de pacientes com anemia falciforme com infecção pela bactéria. Estas bactérias têm sido relacionadas a várias doenças. Elas podem causar hepatite, por exemplo. O tratamento é com antibióticos bem conhecidos, mas a erradicação da bactéria não pode ser garantida”, disse Paulo Velho.

A vinda à Unicamp vai ajudar a pesquisadora norte-americana a encontrar amostras em pacientes infectados pela bactéria. De acordo com Marna, esse é um problema nos Estados Unidos. “Se por um lado temos ótimos financiamentos para pesquisa, por outro temos a burocracia em encontrar pacientes. As quatro áreas que queremos estudar são: detecção, diagnóstico, entender o mecanismo de resistência da bactéria e o tratamento. Pretendemos, inclusive, escrever artigos em parceria com os pesquisadores da Unicamp”, disse Marna.

“Nós temos vários casos clínicos para relatar em que o diagnóstico foi confirmado por microscopia confocal. Estudamos, em parceria com o professor Carlos Lenz César, do Infabic, a habilidade das bartonelas invadirem hemácias do sangue. A possibilidade de observar esta invasão, ativamente por 72 horas, é um dos estudos que devem ser concluídos durante a estadia da Marna no Brasil”, explicou Paulo Velho.

Além da Universidade de Minnesota, Marna Ericson e Paulo Velho trabalham em parceria com pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte e da Universidade Western, da Califórnia.



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