“O que me encanta é ter tido a oportunidade maravilhosa de ter sido professora de todos os médicos e enfermeiros formados na Unicamp. Até hoje, quando encontro meus meninos e as minhas meninas, como os chamo na intimidade, é uma festa [...] Eu amo vocês! Eu amo este ambiente em que trabalhei 40 anos!”

Os trechos acima, carregados de doçura e sentimento de gratidão, são da professora colaboradora do Departamento de Medicina Translacional (Área de Farmacologia) da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, e fundadora da Sociedade Brasileira de Toxinologia, Júlia Prado Franceschi. Ela faleceu na última quinta-feira (14), em Campinas, uma semana após ter completado 90 anos de idade.

Formada em Ciências Biológicas pela Universidade de São Paulo, Julia Franceschi ingressou na FCM em 1963, tendo trabalhado por muitos anos ao lado do pesquisador Oswaldo Vital Brazil, com especial ênfase à cultura de leucócitos. Conhecida pelo amor e seriedade na condução das suas atividades profissionais, era uma professora exigente e também uma exímia defensora dos alunos.

“Recordo-me dos estudantes que causavam problemas e daqueles que se destacavam pela vibração com que respondiam aos apelos que lhes eram feitos por amor. Não dá para ensinar quando a gente não ama”, recordou Júlia ainda nas comemorações de 40 anos de aniversário da FCM, em 2003.

Para os colegas docentes, Júlia Prado Franceschi fez um apelo importante: “Por favor, colegas, amem seus alunos e tenham orgulho de pertencer a esta escola!”. Casada com o médico pediatra e egresso da I Turma de Medicina da FCM, Antonio de Pádua Franceschi, falecido em 2020, ela deixa quatro filhos, 14 netos e dez bisnetos.