Até o dia 30 de maio, acontece no Espaço das Artes da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, a exposição OCUPA [AÇÃO]. A exposição visa dar visibilidade a atividades de ensino, extensão e pesquisa do Departamento de Saúde Coletiva da FCM da Unicamp, realizadas junto à comunidade de uma ocupação. Uma ocupação é um aglomerado subnormal em terreno de propriedade alheia – pública ou particular. Para grande parte da população, residir em ocupações é uma das poucas alternativas possíveis.

“Viver em moradias precárias é um dos fatores que definem pobreza, além de baixa renda, má nutrição, acesso restrito a assistência médica e atenção básica, difícil acesso a medicamentos, trabalho infantil, abandono escolar, invisibilidade social, falta de crédito aos mais pobres, cultura da resignação e preferências adaptativas por aquilo que é possível alcançar e não pelo que de fato se deseja e a exclusão da cidadania”, explica o professor Rubens Bedrikow, idealizador do projeto que deu origem à exposição.

Alunos do 4˚ ano de medicina, do submódulo de Saúde Coletiva da disciplina Atenção Integral à Saúde, fizeram visitas à ocupação, observaram as condições de moradia e saneamento, e conversaram com os moradores de forma a constatar, na prática, conteúdos e conceitos aprendidos em anos anteriores, tais como o território, determinação social da doença, desigualdade social, e realizaram visitas domiciliarias. Outro grupo de alunos, da medicina, da enfermagem e da farmácia, junto com residentes de Saúde Coletiva, profissionais graduados, docentes da FCM e da Faculdade de Enfermagem também têm realizado atividades na ocupação.

De acordo com Rubens, no início o desafio parecia grande, uma vez que nenhuma equipe de saúde entrava nesse território. Visitas quinzenais, aos sábados à tarde, à ocupação, permitiram a construção de um vínculo mais sólido, primeiro com as crianças, depois com as mulheres, e, aos poucos, com alguns homens. Foram realizadas atividades como rodas de conversa, dobradura de papeis, brincadeiras com as crianças. Uma atividade muito interessante foi quando pedimos que desenhassem como era morar na ocupação.

“Nos surpreendemos ao ver cerca de 30 crianças desenhando por aproximadamente uma hora e meia. As mães também desenharam. Em seguida, colocamos todos os desenhos num varal feito de barbante que levamos, e organizamos uma “visita ao varal”, quando cada um explicava aos demais o que significava morar ali. Foi assim que nos contaram muito sobre a ocupação. Trouxemos a esta exposição o mesmo varal que fizemos na ocupação, além de informações sobre o projeto”, disse.

Rubens reforça que esta exposição não marca o fim das atividades, mas apenas busca dar visibilidade a ela a fim de atrair o interesse de outros possíveis colaboradores. Após o término da exposição na FCM, ele será levada à ocupação e mostrada aos moradores. Em seguida, será levada ao Centro de Saúde da região. “Na realidade, a exposição é apenas mais uma etapa. O que pretendemos é prosseguir. É continuar na ocupação, valorizando a responsabilidade social da universidade pública.”, reforçou.

O Espaço das Artes da FCM fica no térreo do prédio-sede da faculdade, com entrada pela rua Albert Sabin, s/nº. A exposição pode ser vistada todos os dias, das 7 às 19 horas. Entrada franca.