Foi realizada no Espaço das Artes da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, no dia 19 de outubro, a abertura da exposição “De Dentro para fora”, de Tathi Piancastelli. Na ocasião, houve bate-papo com especialistas sobre inclusão pela arte e a hora da notícia do diagnóstico de síndrome de Down, no contexto das comemorações ao Dia do Médico (18). A mostra se estende ao público até o final do mês.

A exposição retrata Tathi Piancastelli, atriz, escritora, empresária, palestrante, digital influencer, ativista e pessoa com síndrome de Down. Reúne 18 painéis fotográficos pelas lentes de Nila Costa, impressos em tecido, além de duas obras em acrílica sobre tela, feitas pelo artista Manu Militão. A mostra conta a história de Tathi, bem como as barreiras encontradas na sociedade: o preconceito, a ignorância e a opressão da voz, desejos e sentimentos da pessoa com síndrome de Down.

No vernissage, foi realizada roda de conversa com a médica neonatologista do Caism, Tarita Bueno, e Ricardo Barini, professor do Departamento de Tocoginecologia da FCM.  

Segundo os especialistas, não há uma fórmula exata sobre a comunicação do diagnóstico. Para Ricardo, talvez não se deva falar para os pais no pós-parto imediato. Também é preciso considerar o nível de informação que os mesmos têm sobre a condição. “É um momento que a gente tem que deixar acontecer a relação. Depois a gente vai construindo uma ideia de que exista uma diferença para, depois, se estabelecer o diagnóstico”, afirmou.

Tarita ressaltou a importância da compaixão e empatia. “Eu acho que nessa hora que o médico leva a notícia tem que se despir de todas suas crenças e preconceitos. O que importa é o que aquela família pensa e como vai receber o fato. É dessa forma que eu chego para conversar com as mães”, disse, lembrando a importância da escuta ativa para lidar com as expectativas da família a respeito. 

Sobre a questão da arte, Tathi revelou sua predileção sobre as obras. “Eu gosto de mostrar como eu sou. A minha fotografia favorita é a da cobra, que é de verdade. E também a frase que a acompanha - ‘O preconceito não me atinge mais’. Muitas pessoas ainda acham que alguém com síndrome de Down não pode morar sozinho, ter uma profissão, se casar… Com a minha história eu mostro que sim, podemos”, explica.

Sobre a exposição

“De Dentro para Fora” destaca as vivências de uma mulher – Tathi - pessoa com síndrome de Down. A exposição promove reflexão social, uma vez que reforça, através da arte, a importância da inclusão, por um olhar de quem enfrenta os desafios do dia a dia com perseverança e dedicação. Tathi alcançou feitos inéditos, entre eles: palestra na ONU, espetáculo escrito e protagonizado por ela, prêmios internacionais e a inspiração para diversos projetos.

A mostra foi lançada na ONU, em Nova York, e em seguida foi para Miami. Chegou ao Brasil, no Museu da Inclusão, em São Paulo. Em seguida, passou pela cidade de Taubaté.