Foi celebrado na última quinta-feira, 16 de fevereiro, o Dia Nacional da Criança Traqueostomizada. No Instituto de Otorrinolaringologia & Cirurgia de Cabeça e Pescoço (IOU) da Unicamp, com apoio da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), foi realizada ação social em comemoração à data.

Segundo manual elaborado pelo Núcleo de Qualidade e Segurança em Saúde, Serviço de Otorrinolaringologia Pediátrica e Serviço de Pediatria do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, traqueostomia é o procedimento médico em que é realizado um orifício (buraco) na frente do pescoço e da traqueia. Através desse orifício, é passada uma cânula que permite a entrada do ar diretamente para os pulmões. O procedimento é necessário para ajudar na respiração quando há obstrução da via aérea acima da traqueostomia ou quando há necessidade de suporte ventilatório (ajuda de aparelhos para respirar).

Importância da data

Rebecca Maunsell, coordenadora da Área de Otorrinolaringologia do Departamento de Oftalmologia e Otorrinolaringologia da FCM, falou sobre os destaques da programação. Foi realizado minicurso com equipe multidisciplinar do HC (áreas de Otorrinolaringologia, Enfermagem, Pediatria, Fisioterapia e Psicologia), em que foram ministradas aulas sobre o manejo da criança com traqueostomia para profissionais de saúde. Em seguida, houve atividades de orientação com esses profissionais, voltada a pais, cuidadores e crianças com traqueostomia, além de pintura facial, balões e algodão doce para as crianças. Por fim, ocorreu apresentação da Orquestra Sinfônica da Unicamp (OSU) e de teatro infantil.

A docente avalia como positiva a celebração da data, pelo segundo ano, e pela primeira vez presencial, lembrando que a Unicamp é referência para atendimento de problemas da via aérea infantil. “A recepção do público geral e dos profissionais de saúde foi muito boa. A gente viu que existe uma grande demanda de informações das pessoas para se capacitarem no cuidado a essas crianças”, disse Rebecca.

A esse respeito, Rebecca lembra que, em nível nacional, os cuidadores carecem de orientação. “Há um público grande, tanto de pacientes para atendimento, quanto para profissionais de saúde para cursos. Muitas crianças com traqueostomia recebem alta hospitalar sem nenhuma orientação de onde podem receber cuidado, como é feita retirada da cânula, tipo de tratamento, apesar de a maioria ter até dois anos de idade e ter estado em situação de saúde grave. O intuito desta data é chamar a atenção para esse público, atraindo os próprios pais, cuidadores e órgãos governamentais, cobrindo a demanda desse tipo de insumo e fluxos de tratamento no SUS”. 

Manual de cuidados da criança com traqueostomia

No contexto da celebração, foi distribuído gratuitamente o “Manual de cuidados da criança com traqueostomia”. O guia foi elaborado em conjunto com equipe multidisciplinar da Unicamp e revisado pela Academia Brasileira de Otorrinolaringologia Pediátrica (ABOPe) e é dirigido aos cuidadores das crianças com traqueostomia. “Ensinamos os insumos que essas pessoas devem ter em casa, situações de urgência, o que pode e o que não pode no dia a dia da criança em termos de brincadeira, alimentação e escola. É um manual bastante instrutivo e que tem aceitação muito boa entre os cuidadores e profissionais de saúde”, afirma Rebecca.

Histórico

O projeto nasceu por iniciativa da ABOPe, apoiada pela ABORL-CCF (Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cervico-Facial). Após audiência pública da qual participou a professora Rebecca Maunsell, foi elaborado projeto, de autoria do deputado federal Dr. Zacharias Calil (GO). Aprovado, o texto se tornou a lei federal nº 14.249/2021, que institui o Dia Nacional da Criança Traqueostomizada.

Apoio

O evento reuniu apoio, na Unicamp, da FCM, IOU, HC e OSU; voluntários da sociedade civil que ajudaram com atividades recreativas; registro fotográfico e de vídeo da startup social SAS Brasil; além de apoio financeiro da ABOPe e ABORL-CCF.