Estudo sobre audição de crianças com epilepsia e distúrbio de aprendizagem ganha prêmio
Publicado por: Camila Delmondes
07 de outubro de 2015

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A pesquisa de doutorado “Estudo do processamento auditivo e consciência fonológica em crianças com epilepsia benigna da infância com espí­culas centrotemporais", da fonoaudóloga da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp Maria Isabel Ramos do Amaral, recebeu o prêmio “Maria Cecília Bevilacqua” de melhor tese de doutorado defendida na área de audiologia em 2014.

O prêmio foi concedido pela Academia Brasileira de Audiologia e foi entregue em abril durante o 30º Encontro Internacional de Audiologia ocorrido na cidade de Bauru. A orientação da tese é da professora do curso de pós-graduação em Saúde da Criança e do Adolescente da FCM da Unicamp Maria Francisca Colella dos Santos.

A Epilepsia Benigna da Infância com Espículas Centrotemporais (EBICT), também conhecida por epilepsia rolândica, é a síndrome eletroclínica mais comum da infância, ocorre entre os 2 a 13 anos de idade com predomínio do sexo masculino. Acomete a área do cérebro responsável pela recepção dos sinais somatosensitivos. A crise típica não dura mais que um a dois minutos.

“Devido à complexidade das relações entre epilepsia, linguagem, cognição e funções auditivas, torna-se difícil distinguir quais são os efeitos na linguagem que podem ser diretamente relacionados às descargas anormais da epilepsia. Sabe-se que as habilidades auditivas são dependentes da integridade do córtex auditivo no lobo temporal, e descargas rolândicas podem se espalhar nessas áreas adjacentes devido à proximidade das regiões corticais, comprometendo o funcionamento dessas áreas”, explica Maria Isabel.

O estudo fez parte de um projeto interinstitucional com parceria entre o curso de Fonoaudiologia da FCM da Unicamp, o Departamento de Neurologia do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp e o Departamento de Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da USP. A pesquisa foi desenvolvida no Laboratório de Audiologia do Centro de Estudos e Pesquisas em Reabilitação (Cepre) e Ambulatório de Epilepsia Infantil do Departamento de Neurologia do HC da Unicamp com 30 crianças entre 8 e 15 anos de idade. As crianças foram divididas em dois grupos.

O primeiro grupo contou com crianças com diagnóstico de epilepsia benigna da infância com espí­culas centrotemporais (EBICT) e dificuldades para ouvir no silêncio, no ruído e compreender instruções orais. As dificuldades escolares foram obtidas com base no relato dos pais das crianças a respeito do desempenho na leitura e escrita e cálculos matemáticos, troca de letra na fala e escrita, baixo desempenho acadêmico e histórico de retenção escolar.

O segundo grupo, chamado de grupo controle, foi constituído por crianças sem queixas auditivas e escolares relatadas pelos pais, ausência de história sugestiva de doenças que envolvam o sistema nervoso central (SNC) ou histórico de atraso ou anormalidades no desenvolvimento da linguagem e aprendizagem.

“A partir da análise dos resultados obtidos, foi possível verificar que as crianças com Epilepsia Benigna da Infância com Espículas Centrotemporais apresentam desempenho alterado tanto na orelha direita quanto na esquerda em tarefas envolvendo as habilidades auditivas de figura-fundo para sons verbais por meio do mecanismo de integração binaural, ordenação e resolução temporal e de consciência fonológica. Sendo assim, os resultados deste estudo sustentam a hipótese de que o processamento auditivo e fonológico são processos intimamente relacionados”, disse Maria Isabel.

O estudo fez parte de um projeto interinstitucional com parceria entre o curso de Fonoaudiologia da FCM da Unicamp, o Departamento de Neurologia do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp e o Departamento de Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da USP.

Sobre prêmio

O prêmio intitulado “Maria Cecília Bevilacqua” tem por finalidade a valorização da educação continuada e intercâmbio de profissionais em centros internacionais de excelência nas Ciências da Audição. O prêmio de R$ 5 mil proporcionará à pesquisadora a oportunidade de realizar uma viagem de estudos para visita técnica em uma instituição ou universidade internacional de sua escolha para ampliar a troca de conhecimentos na área. 



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