Foi realizada na tarde desta segunda-feira (15) o vernissage da exposição do Projeto de Extensão Vila Paula. A mostra inclui desenhos, fotografias, poesias e vídeos produzidos pelos moradores da Ocupação, atendidos pela extensão do departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp.

O professor Rubens Bedrikow, coordenador do projeto de extensão, falou aos presentes. “Gostaria de agradecer a visita de vocês, principalmente os que vieram da Vila Paula. Essa exposição mostra um trabalho de quatro anos que temos feito em parceria com os moradores da Ocupação e tem duas grandes partes. A primeira é pedagógica, mostrando a definição e valor da extensão universitária, ressaltando que esse pilar consta inclusive no artigo 207 da Constituição Federal. A segunda, a gente vai aprendendo e produzindo conceitualmente a partir da interação com as pessoas, como com as atividades lúdicas que os alunos fazem com as crianças. Também aprendemos o tempo inteiro com os haitianos (cerca de 20% dos ocupantes), sobre como podemos recebê-los melhor em nosso país”. Rubens também convidou o público à interação, onde há um canto para desenho de imagens que serão incluídas na mostra. Por fim, agradeceu parceria com alunos de Fonoaudiologia.

Para a moradora Caroline Fernanda, quando o projeto de extensão chegou à Vila Paula, foi muito importante. “A maioria das crianças que não brincavam junto passaram a brincar, em lugar próprio. Eu acho muito bom para nós e para as crianças também. Eles mesmos evoluíram: fazem pintura, brincadeiras, gostam de tirar foto”, disse. Sobre o atendimento em saúde, ela destacou como são os sábados quinzenais de atividade dos extensionistas. “Enquanto o doutor Rubens atende, os alunos estão dando atenção para as crianças. Sempre que eu posso ser atendida eu vou, porque no pronto atendimento mais próximo é difícil; discriminam a gente que mora na comunidade. Mais do que atender, os alunos fazem roda de conversa, inclusive já conversei bastante com alguns. É bom a gente ter alguém de confiança para escutar. Eu tenho muita gratidão por todos os dias e espero que eles nunca deixem de ir”, declarou.

Depoimentos dos alunos

Rafael Moreira, aluno do 4º ano de Medicina, foi curador da exposição. “A ideia da exposição é essa: trazer um pouco da nossa experiência lá enquanto extensionistas, bem como a da comunidade. Temos nos banners vários relatos de alunos, moradores, um pouco de cada área. Além disso, trouxemos a artes que os próprios moradores produzem, para vender ou como passatempo, além de produtos como pasta de amendoim e óleo de mamona para cabelo”, descreveu, convidando o público a interagir com as obras.

As ligas universitárias também estão presentes na Vila Paula. Fernanda Germano, do 4° ano de Medicina, coordena a participação da Liga de Pediatria e Cirurgia Pediátrica no projeto. “A iniciativa da exposição é fundamental, mostrando o envolvimento da comunidade. Por mais que estejamos na Vila Paula desde 2018, tem muita coisa nova surgindo. A comunidade mudou ao longo desses anos: as crianças que a gente via já estão crescendo. Com isso, as demandas também mudam. Expor tudo isso que a gente construiu ao longo dos anos favorece a percepção de que temos que nos adaptar também”, declarou a estudante.

Brenda Lee, da Associação Atlética Acadêmica Adolfo Lutz, da FCM, lembrou que na própria Atlética a extensão vem crescendo nos últimos anos, de forma a levar o esporte e atividade física para a sociedade. “Eu como extensionista da Vila Paula, comecei a ligar as duas atividades. Lá existem muitas crianças com energia para gastar, mas que muitas vezes não têm o incentivo para a atividade física. Eles precisam de todas as coisas: saúde, atividade física e lazer”, declarou, lembrando que a Altética arrecadou equipamentos esportivos, como bolas e redes, que ficam na Vila Paula disponíveis aos moradores.

A aluna de Fonoaudiologia Audria Almeida também contou sua experiência na Vila Paula. “Eu tive o primeiro contato com a extensão em 2019, no 1º ano de graduação. A gente tem um acolhimento totalmente diferente do que temos no ambulatório e nas clínicas da faculdade. Então, acabamos crescendo de maneira especial em nossa formação. Na Vila Paula é muito interessante percebermos a escuta diferenciada, justamente em nossa área. Acabamos recebendo muita demanda das pessoas, antes mesmo da saúde, como questões familiares, sociais e econômicas. Então existe companheirismo e compartilhamento muito diferente com essas famílias”, afirmou.

Abertura ao público

Os visitantes podem prestigiar os trabalhos até 31 de agosto, de segunda à sexta-feira, das 8h30 às 17h30.

Fotos: Eli Machado/PROEC

Vídeo: Marcelo Santa Rosa/ARPI