Doutorado inédito da FCM aborda aplicação da CIF em um centro especializado em saúde e reabilitação
Publicado por: Camila Delmondes
02 de outubro de 2019

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Atento aos desafios de implementação e operacionalização da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) nos serviços assistenciais de saúde e reabilitação, o Programa de Pós-graduação em Saúde, Interdisciplinaridade e Reabilitação da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp contou, na manhã dessa quarta-feira (2), com a sua primeira defesa de tese de doutorado.

Realizada pela fonoaudióloga Maria Cristina Pedro Biz, a pesquisa descreveu o processo de implementação da CIF em um Centro Especializado em Reabilitação, em uma cidade de médio porte do estado de São Paulo. Aprovada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2001, a CIF é a diretriz que aborda a funcionalidade e a incapacidade de acordo com as condições de saúde,  e seu impacto  no cotidiano de indivíduos e populações. 

Ao todo, 24 profissionais de saúde, entre fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogas e fonoaudiólogos, e 65 pacientes com agravos de origem neurológica, musculoesquelética e de aprendizagem participaram do estudo.

“Conseguimos demonstrar que a utilização do instrumento na rotina do serviço, a partir da construção de ferramentas de avaliação, contribuiu para o planejamento e eficácia das estratégias terapêuticas, além da geração de indicadores de resolutividade do serviço e evolução dos pacientes”, afirmou Maria Cristina, que teve o envelhecimento populacional, dentre as motivações do estudo.

 “O aumento da expectativa de vida de 56 anos, na década de 1980, para 76 anos, na atualidade, foi muito rápido. Vamos trabalhar muito com essa população nos próximos anos. No entanto, conhecer apenas as causas e diagnósticos (modelo vigente) ainda não tem sido suficiente para medir o impacto das doenças na vida das pessoas. Precisamos ir além dos dados de morbidade e mortalidade”, afirmou a pesquisadora sobre o novo paradigma de atenção e cuidado, de integração dos modelos médico e social, a aprtir de uma abordagem biopsicossocial.

Ainda de acordo com Maria Cristina, os serviços de saúde são um espaço importante para a mudança de paradigma. A implementação da CIF na rotina da prática clínica, nesse contexto, contribui para o delineamento de objetivos mais claramente definíveis e mensuráveis. “Quando vi a CIF pela primeira vez, uma das coisas que mais me impactou foi a possibilidade de transcrever na avaliação aquilo que você faz de forma a comunicar não apenas com o serviço e equipe, mas também com a Rede, a partir da padronização de condutas diagnósticas e terapêuticas”.

Após a fase inicial da pesquisa, com a coleta de dados e aplicação de questionário de percepção referente ao conhecimento da CIF, a pesquisadora realizou grupos focais com os profissionais do CER, orientando-os na construção de checklists setorizados para avaliação e reavaliação dos pacientes. “Os grupos focais trouxeram a percepção de que a capacitação para o uso da CIF, com construção de instrumentos que atendam as demandas locais de cada serviço é essencial para a aplicação da ferramenta na rotina de trabalho dos serviços assistenciais”.

De acordo com a fonoaudióloga Regina Yu Shon Chun, orientadora da pesquisa, a CIF amplia a visão da prática clínica a partir de uma abordagem biopsicossocial de atenção e cuidado integral do paciente. “O envolvimento dos profissionais na operacionalização do instrumento, os indicadores de resolutividade do serviço, além da visibilidade e organização dos processos de trabalho, são fundamentais para uma operacionalização bem-sucedida da ferramenta”, comentou a especialista.

Regina Yu destacou, também, a importância da tese defendida por Maria Cristina, no contexto da pós-graduação em Saúde, Interdisciplinaridade e Reabilitação da FCM. “Essa defesa representa a nossa produção científica e demonstra a aproximação da academia dos profissionais que atuam nos serviços de saúde. É um marco histórico para o nosso Programa em diversos sentidos, além de ter sido defendida em um momento importante de defesa das Universidades públicas”, afirmou.

Banca histórica

Além de Regina Chun, participaram da banca avaliadora do trabalho, o docente do Departamento de Saúde Coletiva da FCM, Gastao Wagner De Sousa Campos; o docente do Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina (Unifesp) e ex-ministro de Saúde (2014-2015), Ademar Arthur Chioro dos Reis ; a docente do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, Cassia Maria Buchalla; e a docente da Faculdade de Enfermagem da Unicamp, Maria Filomena De Gouveia Vilela.



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