Doenças crônicas são um problema no Brasil e atingem mais os menos escolarizados
Publicado por: Camila Delmondes
30 de março de 2017

Compartilhar:

Estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que as doenças crônicas vitimam 38 milhões de pessoas no mundo todo, a cada ano, e correspondem a 68% da mortalidade global. Um estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Associação Brasileira de Educação e Tecnologia revela um dado alarmante: 45% da população brasileira, com 18 anos ou mais, apresenta pelo menos uma doença desse tipo. Dentre as mais prevalentes estão: a hipertensão, os problemas de coluna, o diabetes, artrite e reumatismo, depressão e asma. As pessoas com menor nível de escolaridade e que não têm plano de saúde privado são as que mais sofrem. Leia o artigo na íntegra aqui.

Os resultados da pesquisa estão no artigo intitulado Desigualdades sociais na prevalência de doenças crônicas no Brasil: Pesquisa Nacional de Saúde 2013”, publicado em dezembro último, no International Journal for Equity in Health (IJEH). A publicação analisa as desigualdades sociais em Saúde no Brasil utilizando dados obtidos na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada em 2013, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o Ministério da Saúde.

“As morbidades crônicas, além das mortes prematuras, provocam incapacidade funcional, afetam de maneira importante a qualidade de vida e o bem-estar, e elevam, significativamente, a demanda aos serviços de saúde, gerando forte impacto econômico e social”, explica a coordenadora do Centro Colaborador em Análise de Situação de Saúde da FCM da Unicamp, Marilisa B. A. Barros, que assina a publicação em coautoria com Deborah Carvalho Malta (autora principal), Margareth Guimarães Lima, Regina Tomie Ivata Bernal, Maria de Fátima Marinho de Souza e Celia Landman Szwarcwald.

O estudo transversal de base populacional – realizado a partir dos dados de 60.202 brasileiros a partir dos 18 anos, mostrou ainda, que os brasileiros com o menor nível de escolaridade são os que mais sofrem com diabetes, Acidente Vascular Cerebral (AVC), insuficiência renal, problemas de coluna e hipertensão. “A frequência de AVC é 2,5 vezes maior no grupo de escolaridade inferior, ao passo que os problemas musculoesqueléticos e de câncer foram mais frequentes nos brasileiros com melhor nível de escolaridade”, afirma Marilisa.

De acordo com a epidemiologista do CCAS da FCM Unicamp e uma das coautoras do estudo, Margareth Guimarães Lima, as limitações decorrentes de doenças crônicas comprometem a vida das pessoas, pois impactam na autonomia e na independência dos indivíduos no desempenho de tarefas cotidianas, no trabalho e no convívio social. Tais limitações também foram analisadas na pesquisa e afetaram mais drasticamente os indivíduos analfabetos e com menor grau de escolaridade.

“Entre indivíduos com hipertensão, as limitações provocadas pela doença são 8,9 vezes mais frequentes neste segmento de menor escolaridade e essa profunda desigualdade é observada também em relação a várias outras doenças, como diabetes, asma, problemas musculoesqueléticos, acidente vascular cerebral, artrite, problemas de coluna e depressão”, afirma a pesquisadora.

Ter ou não plano de saúde foi outra variável relacionada às limitações provocadas pelas doenças crônicas, que estão mais presentes nos pacientes sem a cobertura assistencial privada. “Como a maioria depende do Sistema Único de Saúde (SUS), a pesquisa aponta para a necessidade de qualificar o atendimento do SUS nessa área. Podemos atuar na promoção de comportamentos saudáveis, no sentido de evitar essas doenças, e no cuidado adequado, para prevenir e controlar as limitações desencadeadas por elas”, finaliza Margareth.



Notícias mais recentes



(Divulgação) Dengue é o tema do podcast Ressonância

Laura Antunes, medical student from Technische Universität München, completes internship at SMS

(Divulgação) HC lança concurso de identidade visual para as comemorações de seus 40 anos

(Divulgação) Janeiro Roxo é o mês de conscientização e combate à hanseníase

(Divulgação) Neurocirurgia realiza procedimento raro em paciente com deformidade na coluna

Faculdade de Ciências Médicas
Universidade Estadual de Campinas

Correspondência:
Rua Vital Brasil, 80, Cidade Universitária, Campinas-SP, CEP: 13.083-888 – Campinas, SP, Brasil
Acesso:
R. Albert Sabin, s/ nº. Cidade Universitária "Zeferino Vaz" CEP: 13083-894. Campinas, SP, Brasil.
Desenvolvido pela TI / FCM