Docentes e estudantes da Área da Saúde da Unicamp defendem a continuidade do convênio para a gestão do Hospital Estadual de Sumaré
Publicado por: Camila Delmondes
17 de março de 2025

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Docentes e estudantes da Área da Saúde da Unicamp visitam o HES, em Sumaré, em apoio à manutenção do convênio entre governo do estado e universidade para gestão do hospital/Foto: Camila Delmondes

Na última quinta-feira (13), uma comitiva formada por estudantes e docentes da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), Faculdade de Enfermagem (FEnf), disciplinas e serviços assistenciais da Unicamp, esteve no Hospital Estadual de Sumaré (HES) com o objetivo de defender a manutenção do convênio firmado entre a universidade campineira e a Secretaria de Estado da Saúde para a gestão do hospital. Recentemente, a pasta tem questionado a validade do acordo vigente, vislumbrando a abertura de chamamento público para a participação de Organizações Sociais (OS).

Atualmente, o HES serve de campo de estágio para cerca de 360 estudantes de Medicina, do 3º, 5º e 6º ano, e 60 médicos residentes e residentes multiprofissionais da FCM, e 96 estudantes de Enfermagem, do 1º ao 5º ano.

O superintendente do HES, Maurício Wesley Perroud Junior explicou que a proposta do encontro era possibilitar um momento de conversa e também uma visita guiada ao hospital, com objetivo de contextualizar a comunidade da FCM acerca do posicionamento do governo estadual em relação ao convênio estabelecido entre Unicamp e Secretária Estadual de Saúde para gestão do HES, e os possíveis impactos futuros decorrentes desse entendimento.

“A proposta é mostrar o hospital, explicar o que planejamos no passado e como, infelizmente, o estado ainda não realizou ajustes necessários para melhorar a assistência e aumentar a capacidade do hospital, resolvendo problemas crônicos da sociedade. Durante a pandemia, fizemos várias propostas de mudanças estruturais para atender à demanda crescente, mas o estado ainda não respondeu. Além disso, é importante pensar não apenas na assistência à população, mas também na avaliação de dados dos alunos e médicos residentes, integrando procedimentos cirúrgicos que complementam a formação do residente e do aluno. Isso passa por um ciclo de melhoria contínua", comentou.

O diretor da FCM, Claudio Saddy Rodrigues Coy, explicou que a visita teve como objetivo, mostrar o apoio da faculdade às ações realizadas no HES e também discutir algumas medidas relacionadas à manutenção do convênio, afirmando estar em constante articulação com a alta administração da Unicamp e também representantes políticos com essa finalidade.

Da esquerda para a direita: Maurício Wesley Perroud Junior, Claudio Saddy Rodrigues Coy, Lair Zambon, Ivan Felizardo Contrera Toro/Foto: Camila Delmondes

“Nosso entendimento é que não há nenhuma ilegalidade jurídica para manter o convênio no formato atual. Quando se faz um edital por OS é porque o estado não tem condições de assumir aquela estrutura. No caso do Sumaré, isso não se aplica, pois o hospital está funcionando bem. A Lei Orgânica da Saúde prioriza o público sobre o privado. A Congregação da FCM aprovou uma carta aberta de médicos e docentes da faculdade em apoio à manutenção do convênio, que encaminharemos à Reitoria da Unicamp para que esta envie o documento ao Governador Tarcísio”, disse Coy. Veja a carta aberta, aqui.

O secretário municipal de Saúde Campinas, Lair Zambon, que também é docente da FCM, contou que o convênio entre Unicamp e Secretária de Estado da Saúde de São Paulo para a gestão do HE data de 1997 e que, desde essa época, já havia sólido compromisso de que a universidade seria a responsável pela gestão do hospital.

“O estado sempre quis que a Unicamp pilotasse esse projeto. A implantação do hospital foi concluída nos anos 2000 e desde então o convênio tem funcionado bem, tanto é assim que possibilitou o estabelecimento de um novo convênio nos mesmos moldes para a gestão do Hospital Regional de Piracicaba. Agora, há uma tentativa de mudar isso com base em uma Lei de 1998, mas não vejo motivos para isso. Se houver boa vontade, uma lei complementar pode resolver a questão sem necessidade de desgastes. A Unicamp tem um papel fundamental na capacitação de profissionais de saúde, e perder isso seria um retrocesso. Precisamos fazer um movimento político forte para manter o hospital sob a gestão da Unicamp. O modelo atual é um dos melhores do Brasil, e não podemos nivelá-lo por baixo com um chamamento público que prioriza apenas o custo, sem considerar a qualidade e o ensino”, disse Lair.

O superintendente do HES, Maurício Wesley Perroud Junior, realiza visita técnica ao HES com os membros da Comitiva/Foto: Camila Delmondes

"Como docente do Departamento de Cirurgia da FCM, posso afirmar que o HES é fundamental para o treinamento dos residentes de cirurgia geral e outras especialidades. Por exemplo, a residência em urologia quase foi descredenciada há alguns anos por falta de estrutura, mas conseguimos manter o credenciamento com o programa aqui no HES. Além disso, inúmeras teses e pesquisas foram produzidas com base no trabalho realizado aqui. É importante ressaltar que, pela primeira vez, vejo a universidade unida em torno de um objetivo comum: alunos, docentes e funcionários estão todos envolvidos na luta pela manutenção do convênio. Precisamos levar essa discussão para a mídia e pressionar os governantes, pois não há impedimento legal para renovar o convênio. Se o governo decidir ir contra isso, estará prejudicando a imagem dele perante a comunidade", disse o ex-superintendente do HES, Luiz Roberto Lopes, em concordância à fala do secretário municipal de Saúde de Campinas.

Docente do Departamento de Cirurgia da FCM e pró-reitor de Graduação da Unicamp, Ivan Felizardo Contrera Toro destacou a importância do HES para a formação dos alunos de Medicina, Enfermagem, Fonoaudiologia, Fisioterapia e outros cursos.

“Não consigo entender como formaríamos alunos tão bem preparados sem o HES. Temos feito reuniões com o secretário de Ciência e Tecnologia, que apoia nossa causa, mas há resistência por parte da Secretaria de Estado da Saúde. Estamos tentando marcar uma reunião direta com o governador, pois acreditamos que a Secretaria de Saúde não está transmitindo nossa posição de forma adequada. Lembro que, quando assumimos o HES em 1997, a situação da saúde em Sumaré era crítica. A Unicamp trabalhou duro para melhorar a saúde pública da região, e não podemos permitir que esse legado seja perdido", disse Toro.

Participaram da visita ao HES, como membros do Centro Acadêmico Adolfo Lutz (CAAL) e Centro Acadêmico da Enfermagem (CAE), os estudantes Sabrina Garcia Lamarão, Letícia Andrili Duarte, Bruno Etelberto Paulo Cabral e Ana Paula Santos Dutra da Silva. Eles disseram que os estudantes já contam com duas listas de assinaturas em favor da manutenção do convênio, uma interna, específica para as comunidades da FCM e FENF, e outra aberta, de alcance mais amplo, voltada à população. Ambas as listas, pela grande quantidade inicial de assinaturas, já evidenciam o compromisso de toda a sociedade com a pauta defendida. Acesse a lista geral, aqui.

Os estudantes Ana Paula Santos Dutra da Silva,  Letícia Andrili Duarte, Bruno Etelberto Paulo Cabral e Sabrina Garcia Lamarão, membros do CAAL e CAE da Unicamp/Foto: Camila Delmondes

“Entendemos a importância do HES tanto para nossa formação enquanto estudantes de graduação, como também para os profissionais da residência médica e residência multiprofissional. A perda desse hospital impactaria não apenas Sumaré, mas também o Hospital das Clínicas. Estamos unidos e dispostos a colaborar com todas as ações necessárias para manter o convênio. Esse encontro foi muito importante para fortalecer a união entre diretores, gestores públicos e estudantes. A manutenção do convênio é essencial não apenas na nossa formação, mas também para a qualidade do atendimento à população. Estamos comprometidos em lutar por essa causa e em mobilizar a comunidade para pressionar os governantes a manter o convênio, afirmaram.



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