“Precisamos nos livrar dos nossos julgamentos, para prover ao idoso, à dignidade mínima que ele merece em seu final de vida”, disse a assistente social Lucimara Treviso Melachauscas, ao receber alimentos e produtos de higiene, arrecadados durante o “Encontro de Bioética: Dignidade no fim da vida”. O evento aconteceu na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, nos dias 4 e 5 de novembro, com a realização de médicos da Disciplina de Emergências Clínicas e da Cadeira de Bioética do Departamento de Saúde Coletiva da FCM, e equipes multiprofissionais da UTI (enfermagem, fisioterapia, nutrição), capelania e ouvidoria do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp.

A entrega da doação para o Lar Sã Doutrina Espiritual do 7º Dia, localizado em Campinas, contou com a participação do coordenador da Unidade de Terapia Intensiva da Disciplina de Emergências Clínicas e da Ouvidora do HC, respectivamente, Thiago Martins Santos e Erika Cazetta; das pós-graduandas Andressa Avelino e Bruna Souza; e da jornalista da Área de Relações Públicas e Imprensa da FCM, Camila Delmondes.

“Nossa realidade de trabalho não é somente lidar com o abandono do idoso, mas também com a reaproximação da família”, explicou Lucimara à comitiva da FCM. De acordo com ela, nem sempre e fácil reestabelecer os sentimentos de vínculo entre o idoso e os familiares mais próximos. “Quando nos deparamos com uma pessoa que na juventude não foi um bom pai, uma boa mãe, por exemplo, temos muitas dificuldades, enquanto profissionais, de fazer com que esse filho, ou essa família que está totalmente ferida, queira assumir algum compromisso com esse pai ou com essa mãe”, afirmou.

A assistente social do Sã Doutrina explica, ainda, que os direitos da pessoa idosa são garantidos por Lei, e que todos merecem o mínimo de dignidade na etapa final da vida. “O mínimo de cuidado é garantido pela lei, independente de quem essa pessoa tenha sido durante a juventude, independente de que ela, ao nosso olhar, tenha personalidade mais difícil, ou mais fácil de lidar. Todos devem ter alimentação, receber cuidados de higiene e espaço para morar”, disse Lucimara.