Departamento de Saúde Coletiva participa de debates sobre o Dia Nacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho
Publicado por: Camila Delmondes
28 de abril de 2023

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28 de abril não é um dia qualquer, muito menos de celebrações. É o Dia Nacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho, data que honra trabalhadoras e trabalhadores que perderam suas vidas por conta de suas atividades laborais. Consequentemente, todo o mês de abril é dedicado à reflexões e debates sobre como o trabalho contemporâneo adoece e mata, seja pelos aspectos mais concretos e geradores de acidentes, até as violências mais sutis e cotidianas que levam ao sofrimento, adoecimento mental e, até mesmo, suicídios. E, mais importante, sobre como é possível enfrentar os modelos adoecedores de trabalho para defender a vida e a saúde.

No contexto da data, no decorrer desta semana, movimentos sociais, serviços de saúde, associações e representações sindicais promoveram vários eventos com a contribuição do Departamento de Saúde Coletiva (DSC), da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. Na ocasião desses encontros, o docente do DSC, Sergio de Lucca, fez uma alerta para o aumento das mortes relacionadas ao trabalho, no Brasil.

“Em 2022, foram 612.900 acidentes de trabalho e 2.538 mortes, somente entre trabalhadores e trabalhadoras com empregos formais e carteira assinada – um aumento de 22% em relação ao ano anterior, sem contar os dados que sabemos ser são subnotificados”, disse.

Também do DSCA, a docente Marcia Bandini lembra que o cenário atual é inaceitável e insustentável. “A cada 15 segundos morre um(a) trabalhador(a) no mundo. Entre os países do G20, o Brasil ocupa a segunda colocação em mortalidade no trabalho, com 8 óbitos a cada 100 mil vínculos de emprego, atrás apenas do México”, disse. Ela também fez um alerta para as mortes de profissionais de saúde por covid-19. “Apenas durante o auge da pandemia, entre março de 2020 e dezembro de 2021, foram 4,5 mil mortes”.

Ambos destacaram o crescimento de casos de transtornos mentais entre as pessoas que trabalham. E sobre como as novas morfologias de trabalho geram uma legião de trabalhadore(a)s informais e precarizados, sem proteção social alguma.

“O cenário chega a ser desolador nesta população porque trabalhadores desprotegidos e sem garantia de renda continuam trabalhando por uma questão de sobrevivência, ainda que doentes. É preciso discutir um modelo de proteção social universal para o Brasil poder enfrentar as significativas mudanças trabalhistas e previdenciárias impostas à classe trabalhadora, principalmente a partir de 2016”, defenderam.

Os eventos relacionados ao Dia Nacional das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho, que contaram com a participação dos professores do DSC, foram promovidos por diversas entidades, dentre as quais: Comissão Nacional Intersetorial de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (Cistt Nacional), Conselho Nacional de Saúde (CNS), Fórum Nacional das Centrais Sindicais em Saúde do Trabalhador e Trabalhadora, Secretaria de Saúde do Estado do Espírito Santo Centro de Referência de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora do Espírito Santo (CEREST ES).

28 de abril é dia de luto e de luta. Trabalhar, sim, adoecer e morrer, não!


Acesse os eventos disponíveis nos links a seguir:

II Simpósio Capixaba de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora
Disponível em https://www.youtube.com/live/yB1UQU5qJnM?feature=share

Transtornos Mentais e Adoecimento no Ambiente de Trabalho: Como enfrentar?
Disponível em https://www.youtube.com/live/4Ao6uLnp0ag?feature=share

Sindicato dos Trabalhadores em Pesquisa, Ciência e Tecnologia (SINTPq) promove palestra voltada à saúde mental do trabalhador
Disponível em https://sintpq.org.br/info-sintpq-promove-palestra-voltada-a-saude-mental-do-trabalhador



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