Crianças confundem medicamentos com bala e despertam ação de alunos do curso de Farmácia da Unicamp
Publicado por: Camila Delmondes
07 de outubro de 2015

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As alunas do curso de Farmácia da Unicamp Fernanda Yuriko Fukushima da Silva, Ana Luiza Oliveira Motta dos Santos e Cinthia Madeira de Souza vivenciaram experiências muito próximas de crianças de parentes e amigos que ingeriram medicamentos achando que eram doces, balas ou sucos. Isso fez com que elas unissem forças juntamente com outros alunos do curso de Farmácia da Unicamp e iniciassem, no ano passado, visitas a escolas públicas de Campinas para falar sobre o uso de medicamentos.

Segundo o Ministério da Saúde, em 2010 foram notificados 27.710 casos de intoxicação por medicamentos. Destes, 11.971 (43,2%) ocorreram em crianças até 14 anos de idade.

Ainda de acordo com a dissertação de mestrado “Incidência e caracterização de eventos adversos aos medicamentos (EAM) na unidade de emergência referenciada pediátrica do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp” da farmacêutica Indira Valade, 199 crianças foram atendidas no HC da Unicamp período de julho de 2011 a junho de 2012 por algum evento adverso ao medicamento.

“Esse índice equivale a 11% das crianças atendidas pela farmacêutica e são referentes aos casos referendados. Há casos de eventos adversos por medicamentos que não são relatados e esse índice possivelmente é maior”, disse Patrícia Moriel, professora do curso de Farmácia da Unicamp.

Os cinco medicamentos que mais causaram efeitos adversos conforme dados da pesquisa foram: amoxicilina, dipirona, paracetamol, prednisolona e dexclorfeniramina. A pesquisa apontou a carência de informações nessa faixa etária como causa principal das intoxicações.

“As crianças confundem os medicamentos com balas. A intoxicação por produtos de limpeza também é grande, pois elas acham que é suco”, disse Ana Luiza Oliveira Motta dos Santos.

Nas apresentações que os alunos do curso de Farmácia fazem nas escolas, ao perguntar às crianças se alguém já tinha tomado medicamento escondido, 1/3 afirmaram que sim.  Alguns casos já viraram exemplo da inocência das crianças.

“Teve o caso de uma criança que pegou o medicamento da avó e serviu para as amiginhas do transporte escolar”, disse Fernanda Yuriko Fukushima da Silva.

De forma lúdica, os alunos conversam com as crianças, fazem música e até teatrinho. Por vezes, as palestras também são com os pais que nem sempre sabem ministrar corretamente o medicamento, principalmente antibióticos.

“Pegamos casos de crianças com reincidência de pneumonia pelo fato dos pais pararem de dar o medicamento após a febre baixar”, explicou Ana Luiza Oliveira Motta dos Santos.

O projeto de visita às escolas retornará suas atividades no mês de fevereiro. As escolas que desejarem receber a visita dos alunos do curso de Farmácia da Unicamp para essa atividade extracurricular devem enviar um e-mail para morielpa@fcm.unicamp.br.

“As crianças imitam os pais. Se você esquecer o medicamento em cima da mesa, a criança vai tomar. A intoxicação por medicamentos é algo real”, disse Patrícia, orientadora do projeto.



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