Congresso na FCM reúne visões multidisciplinares sobre Sexualidade
Publicado por: Camila Delmondes
12 de setembro de 2018

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Na manhã dessa quarta-feira (12), foi realizada no Salão Nobre da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a cerimônia de abertura do I Congresso Internacional Multidisciplinar em Sexualidade (CIMSEX). Com o tema “Educação, Inclusão e Transformação”, o evento científico organizado pelo Instituto Paulista de Sexualidade (InPaSex) acontece até a próxima sexta-feira (14), reunindo profissionais de diversas áreas de atuação na discussão aprofundada de temas relacionados à diversidade e expressão comportamental e sexual humana.

 “Estamos aqui para entender como as nossas áreas conversam. Para que eu possa ser uma terapeuta sexual adequada, eu preciso saber quais são as possibilidades de conversa com outras áreas, como Medicina, Direito, Educação”, disse a presidente e anfitriã do I CIMSEX, Carla Zeglio, psicóloga e psicoterapeuta sexual e de casais do InPasex, durante a abertura do Congresso. Carla disse, também, que está entre os objetivos do CIMSEX, o entendimento das transformações sociais e das possibilidades de expressão da sexualidade.

“Além de sermos o que somos, precisamos iniciar uma conversa para entender o indivíduo exatamente da maneira como ele é em suas capacidades e limitações. Não adianta mais discutir, apenas, sobre sexualidade, falar das disfunções sexuais ou sobre educação sexual. Precisamos falar sobre este comportamento sexual que é a possibilidade de expressão. Para isso, precisamos estar bem assessorados e seguros para que o nosso trabalho caminhe cada vez melhor”, afirmou.

Presidente do I CIMSEX representando o Departamento de Tocoginecologia (DTG) da FCM, o médico ginecologista e obstetra, Rodolfo Pacagnella, disse que a realização do CIMSEX na Unicamp corrobora as iniciativas da academia no campo da Extensão Universitária, no sentido de estar próxima da sociedade para atender às suas diferentes demandas.

“Enquanto professores de uma universidade como a Unicamp, que desempenha um papel fundamental na produção de conhecimento no país, nós queremos provocar dissensos, falar também sobre aquilo que a gente não sabe e costurar ideias. Queremos ter, em um mesmo local de discussão, o cirurgião de redesignação sexual, o especialista em educação sexual, o arte terapeuta, e assim por diante, ou seja, possibilitar a complementaridade de visões”, disse Rodolfo, que também é coordenador da Comissão de Extensão da FCM.

Nomeados ‘Embaixador’ e ‘Embaixadora’ do I CIMSEX, respectivamente, o educador e escritor Marcos Ribeiro – referência nacional em Educação Sexual e Preventiva – e a empresária e advogada Márcia Rocha – advogada integrante da Comissão da Diversidade Sexual da OAB/SP, com assento no Comitê de Direitos Sexuais da World Association for Sexual Health – também deram boas-vindas aos congressistas durante a abertura dos trabalhos.

“Pela primeira vez em um congresso sobre sexualidade, temos as mais diferentes linguagens contemplando o mesmo tema. Falando sobre o meu tema, especificamente, temos artistas plásticos, publicitários, psicólogos, atores, dentre outros profissionais, discutindo um tema fundamental que é a Educação e Sexualidade. Estamos vivendo um momento muito delicado no país, de profunda intolerância, onde o prazer passou a ser pecado. Que possamos levar aos nossos locais de origem a reflexão que será feita aqui, contribuindo para transformar a sociedade brasileira em uma sociedade muito mais igualitária, democrática e feliz”, disse Marcos, único autor brasileiro da área de sexualidade premiado pela Academia Brasileira de Letras.

“Não é fácil contar para os outros quem a gente é. Vivemos em um mundo muito hipócrita, onde não podemos ser, contar quem somos ou que gostamos de algo. O Direito acompanha essa questão toda. Como advogada pela OAB/SP, sempre questiono em minhas palestras sobre até que ponto nós temos o direito de Existir, de Ser, ou de Contar? No caso da pessoa trans, ou ela não conta quem é ou grava a sua identidade no próprio corpo, passando a sofrer com o olhar e o julgamento do outro”, disse Márcia, primeira advogada travesti a conseguir o uso do nome social na carteira profissional junto à OAB/SP.

Também compuseram a mesa de abertura do I CIMSEX, Oswaldo M. Rodrigues Jr., psicólogo e psicoterapeuta sexual e de casais do InPaSex e presidente do I CIMSEX em conjunto com Carla Zeglio e Rodolgo Pacagnella; Ana Carolina Borges, advogada e membro da Comissão da Diversidade Sexual e Combate à Homofobia da OAB/SP; e Luis Pérez Flores, presidente da Asociación Latinoamericana de Análisis y Modificación del Comprotamiento y Terapia Cognitivo (ALAMOC).

Saiba +

Organizado pelo Instituto Paulista de Sexualidade (InPaSex), o CIMSEX é realizado em conjunto com o Congresso da Asociación Latinoamericana de Terapia Sexual y de Pareja (ALTSEXPA) e o IV Encontro Brasileiro de AC e TCC com Casais e Famílias (IVEBACTCC). O evento conta com o apoio da Federação Brasileira para o Estudo e Pesquisa da Sexualidade Humana (FEBRASEX), da Evolucio Capacitação Profissional, Diversus Consultoria em Diversidade e Departamento de Tocoginecologia (DTG) da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp.

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