Flavio D’Abramo, professor da Universidade Livre de Berlim, proferiu na sexta-feira (14), no Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, um resumo da palestra “Grandes dados para pesquisa biomédica, um empreendimento democrático? O caso dos biobancos”, apresentada na quinta-feira (13) no auditório do Instituto de Geociências da Unicamp.

De acordo com o chefe do Departamento de Saúde Coletiva da FCM, Fávio de Sá, os biobancos contém muito material genético humano estocados. Isso permite a realização de bilhões de testes que podem levar a descoberta de novos biomarcadores. “O que fazer com essas informações tornou-se um problemão”, disse Sá, que também é responsavél pela disciplina de bioética da FCM.

D’Abramo realizou a pesquisa em um hospital alemão com pacientes com câncer. O estudo concentrou-se nas opiniões dos pacientes sobre compartilhamento e proteção de dados e controle da pesquisa biomédica ao longo do tempo. Segundo o pesquisador, a análise do quetionário semi-estruturado e as entrevistas mostram a necessidade de envolver ativamente os pacientes na pesquisa.

“Os pacientes expressaram o medo de não desenvolver uma comunicação clara entre eles e o pessoal médico, de entender o idioma técnico utilizado nos documentos oficiais e o proposto pelo corpo clínico. Analisei, também, as noções utilizadas pelos cientistas e pessoal médico para conceituar o público sobre biobancos. Há, ainda, muitos desafios para se democratizar a pesquisa científica”, revelou D´Abramo.