Aluno de Medicina ganha dois prêmios Jovem Cientista da SMCC por pesquisas sobre polimorfismos
Publicado por: Camila Delmondes
08 de julho de 2016

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O aluno do sexto ano do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, Angelo Borsarelli Carvalho de Brito, foi o vencedor do Prêmio Jovem Cientista de 2016 da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas (SMCC). Angelo ficou com o primeiro e segundo lugar da categoria com dois trabalhos sobre polimorfismos gênicos.

Na categoria mérito científico, os vencedores foram: Danilo Glauco Villagelin Neto, com a pesquisa Outcomes in relapsed Graves' Disease patients following radioiodine or prolonged low dose of methimazole treatment, também da FCM; Giuliano Mendes Duarte e Renata Rigacci Abdalla. A entrega dos prêmios ocorreu em junho no Vitóra Hotel de Campinas, juntamente com a entrega do Prêmio Paes Leme, cujo vencedor foi o professor da área de cirurgia da FCM, João José Fagundes.

As pesquisas que receberam o prêmio Jovem Cientista foram desenvolvidas no Laboratório de Genética do Câncer (Lageca) durante o programa de pós-graduação Pesquisador em Medicina (MD PhD). A orientação das pesquisas foi da médica oncologista e professora da FCM, Carmen Silvia Passos Lima e a coorientação do médico José Vassalo, também da FCM.

“Arrisquei inscrever os dois trabalhos no concurso. Fiquei feliz com o segundo lugar, mas quando anunciaram que eu também tinha ficado com o primeiro lugar, nem acreditei. Se eu não tivesse feito o programa MD PhD, talvez não tivesse tanto sucesso nas pesquisas”, disse Angelo que pretende seguir carreira na área de oncologia clínica na Unicamp.

O trabalho vencedor foi Associations of VEGF and VEGFR2 polymorphisms with increased risk and aggressiveness of multiple myeloma, publicado em 2014 no Annals of Hematology. Nesse trabalho, Angelo estudou o papel do polimorfismos na via de formação de novos vasos (angiogênese) em 192 pacientes com mieloma múltiplo. A pesquisa evidenciou, pela primeira vez, que determinados genótipos aumentam o risco de desenvolver o câncer e a agressividade da doença.

O trabalho que ficou em 2o lugar foi Association of BAX G(-248)A and BCL2 C(-717)A polymorphisms with outcome in diffuse large B-cell lymphoma patients, publicado em 2016 no British Journal of Haematology. Nesse trabalho, Angelo avaliou os papéis de dois polimorfismos relacionados à morte celular (apoptose) com o prognóstico de 150 pacientes com linfoma difuso de grandes células B.

O resultado evidenciou que determinado genótipo estava associado com maior resposta à quimioterapia e melhor sobrevida dos pacientes. De acordo com o pesquisador, esse trabalho é interessante, pois esses polimorfismos estão localizados num gene cuja proteína tem sido estudada com sucesso em ensaios clínicos e sua inibição é feita com um anticorpo monoclonal.

“As pesquisas mostram que as características pessoais, individuais, faz um tumor ser mais agressivo ou o paciente responder melhor a um determinado medicamento. E agora estão surgindo remédios que são inibidores de algumas vias controladas por esses polimorfismos. Às vezes, vale a pena dar um remédio para o paciente, sabendo de antemão se ele tem uma determinada característica genética ou não. Isso reduz o custo e a toxidade. É um tiro certeiro que pode ser explicado pelas características genéticas”, explicou Angelo.

Programa Pesquisador em Medicina

O Angelo é o primeiro aluno da FCM a concluir o Programa Pesquisador em Medicina. Durante os dois anos que permaneceu no doutorado, manteve atividades clínicas ambulatorial no Hemocentro da Unicamp, onde foram recrutados os pacientes de seu projeto de pesquisa. Parte do projeto foi realizado no Lageca e no Laboratório de Patologia Investigativa e Molecular, ambos da FCM.

“Ele cumpriu todas as atividades com grande interesse e dedicação. Obteve, até o momento, sete publicações em renomados periódicos de circulação internacional e apresentou sete trabalhos em congressos nacionais e 12 em congressos internacionais. Considero, desta forma, que o objetivo do Programa Pesquisador em Medicina, ao formar o primeiro pesquisador para atuar na área, foi cumprido de forma exemplar”, disse a médica Carmen Silvia Passos Lima.

O Programa Pesquisador em Medicina foi aprovado pelo Conselho Universitário da Unicamp (Consu) no mês de maio de 2012. O Programa permite ao aluno, com interesse em pesquisa, a interrupção de seu curso de graduação em Medicina no final do sexto ou oitavo semestre para conduzir doutorado stricto sensu em Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Médicas.

Após dois anos, o aluno reassume as disciplinas de Medicina faltantes e, ao término da graduação defende o doutorado. Neste momento recebe os diplomas de médico e doutor, razão pela qual o programa é também conhecido como MD PhD. O objetivo do programa é formar pesquisador para atuar em Medicina em tempo menor do que ele levaria se percorresse a trajetória normal de formação em Medicina seguido de pós-graduação e assim evitar a perda de novos talentos.



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