Acadêmicxs Indígenas da FCM discutem percurso formativo que iniciarão no curso de Medicina, a partir de 2023
Publicado por: Karen Menegheti de Moraes
15 de julho de 2022

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Texto de Giovana Pacheco (turma 58) e Branda Oliveira (turma 56), da Comissão de recepção e permanência de alunos indígenas da FCM/Unicamp

No dia 15 de agosto, a Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp receberá os primeiros acadêmicxs indígenas do curso de Medicina. Os estudantes, que iniciarão a formação médica a partir de 2023, anteciparão com a comunidade da FCM, as discussões sobre o percurso formativo, vislumbrando adaptações na dinâmica do curso para a melhor integração entre os diferentes saberes socioculturais. 

“Essa é uma oportunidade para refletir sobre as maneiras pelas quais, as culturas, ocidental e indígena, compreendem a saúde, a doença e o cuidado. Essa é uma discussão mais do que necessária para que possamos, juntos, avançar no acesso integral da população indígena à Saúde”, comentou o coordenador do curso de Medicina da FCM, Fábio Husemann Menezes.

De acordo com o médico infectologista Paulo Afonso Martins Abati, especialista em Saúde Indígena, a reflexão sobre a chegada dos acadêmicxs indígenas ao curso médico é mais um passo que a Unicamp dá rumo à abertura sincera da universidade aos povos indígenas. “Trata-se de um processo árduo de desestigmatização, que felizmente avança a cada novo dia. Para nós, profissionais de saúde de etnia não indígena, fica lançado o desafio de compreender o Modelo de Saúde a partir da perspectiva indígena, visando oferecer a melhor assistência e o melhor cuidado”, afirmou.

Membros do grupo de trabalho instituído na FCM para o acolhimento dos estudantes indígenas, as alunas do 3º e 5º do curso de Medicina, Giovana Daghia Pacheco e Branda de Oliveira de Lima – tomando como referência as reflexões propostas pelo linguista José Ribamar Bessa Freire – falam sobre os equívocos mais comuns no dia a dia em relação aos povos indígenas, que deverão ser alvo de constante processo educativo, durante a jornada da formação médica. 

“Por incrível que pareça, em pleno século 21, as pessoas têm aquela ideia romantizada do indígena, tipificada em romances como os de José de Alencar, ou seja, de pessoas nuas, empunhando arco e flecha, ardonados com penas. A imagem estereotipada do indígena, dos tempos de colonização, é o primeiro dos equívocos nesse sentido. Ademais, muitos ainda associam a cultura indígena à ‘culturas atrasadas ou congeladas’, ou a ‘povos primitivos ou povos do passado’. Entender e respeitar a cultura indígena é fundamental na formação médica”, afirmaram ambas as estudantes que, em conjunto com o professor Paulo Abati, elaboraram um informativo sobre vagas indígenas na Medicina, especialmente destinado à comunidade da FCM visando à desestigmatização. Veja aqui.

Estudante indígena realizando prova do vestibular da Unicamp/Foto: Antoninho Perri - SEC Unicamp

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