Estima-se que, mundialmente, que 1,4 bilhão de pessoas têm hipertensão, e apenas 14 com níveis pressóricos controlados. A pressão arterial elevada é o principal fator de risco relacionado às doenças cardiovasculares. O objetivo geral desta pesquisa é analisar o perfil da utilização de medicamentos anti-hipertensivos no Brasil (primeiro artigo), os comportamentos relacionados ao uso de medicamentos (segundo artigo) e diferenças socioeconômicas entre pessoas com hipertensão (terceiro artigo). Trata-se de um estudo transversal de base populacional com dados públicos da Pesquisa Nacional sobre Acesso, Utilização e Promoção do Uso Racional de Medicamentos (PNAUM) 2014, primeiro inquérito específico sobre medicamentos no Brasil, com amostragem probabilística dos residentes em áreas urbanas das cinco regiões brasileiras. A PNAUM teve a aprovação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (protocolo nº 18947013.6.0000.0008), e o projeto dessa pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Unicamp (parecer nº 6.741.042). Foi realizado um recorte da população ³20 anos que relatou diagnóstico de hipertensão, indicação e uso de medicamentos para tratar a hipertensão no momento da entrevista. Para o primeiro artigo foram mantidas no estudo as pessoas em uso de fármacos classificados como anti-hipertensivos, conforme a classificação Anatomical Therapeutic Chemical. Foram classificados 44 medicamentos anti-hipertensivos utilizados pela população do estudo. Os mais utilizados em monoterapia foram os inibidores da enzima conversora de angiotensina (36,7 ) e bloqueadores dos receptores de angiotensina II (27,7 ). As frequências das combinações de dois anti-hipertensivos foram calculadas em preferenciais (61,5 ), possíveis mas menos testadas (29,7 ), outras combinações (7,8) e combinações não recomendadas (1 ). A combinação mais frequente de três fármacos foi diurético + betabloqueador + bloqueador dos receptores de angiotensina II (17,1 ). O uso de três ou mais anti-hipertensivos aumentou com a idade e foi mais prevalente entre pessoas com obesidade e três ou mais doenças crônicas. Destacou-se nesse estudo, o elevado percentual do uso de betabloqueadores diferente do recomendado em diretrizes nacionais e internacionais. Para o segundo artigo foi realizada análise descritiva e 95,6 dos hipertensos (com indicação de terapia medicamentosa e em uso de medicamentos no momento da entrevista) confiam no profissional médico para indicar medicamentos e no dentista (58,9 ), enquanto 92,6 afirmaram que não confiam em propaganda de TV, rádio ou outros meios de comunicação para a indicação de medicamentos. A prevalência de automedicação foi de 15,8 e, dentre os que se automedicam, já ter tomado o medicamento antes (69,9 ) e possuir o medicamento em casa (42 ) foram os principais motivos. O uso de 5 ou mais medicamentos (polifarmácia) foi estimado em 28,8 . Dos hipertensos em tratamento, 31,1 relataram enfrentar muita dificuldade para enxergar a bula, enquanto 23,9 consideraram muito difícil compreender seu conteúdo. Os resultados do estudo reforçam a necessidade de abordagens integradas e multiprofissionais para o cuidado de pessoas com hipertensão. No terceiro artigo o objetivo é estimar diferenças socioeconômicas nos comportamentos relacionados ao uso de medicamentos por pessoas hipertensas no Brasil. As variáveis região, escolaridade, situação econômica e plano de saúde estão sendo analisadas à luz dos comportamentos relacionados ao uso de medicamentos pelos hipertensos.