Introdução: A endometriose é uma doença crônica, com alto impacto na qualidade de vida das mulheres afetadas, cujo tratamento é desafiador, pela falta de proposta curativa, pela necessidade de terapias com boa eficácia, poucos efeitos colaterais e baixos riscos associados à curto e longo prazo. Objetivo: Revisar as evidências dos tratamentos hormonais e complementares para tratamento de dor em endometriose e elaborar um protocolo assistencial de manejo da endometriose. Métodos: Estudo de revisão narrativa com busca sistemática que avaliou ensaios clínicos publicados em inglês ou português, nos últimos 10 anos, nas bases PubMed, Biblioteca Virtual de Saúde e Embase. Foram incluídos estudos que compararam o efeito das intervenções com placebo ou terapias consideradas de primeira linha para o tratamento da endometriose. Foram excluídos os estudos cujo desfecho primário ou secundário não avaliaram a dor ou qualidade de vida. Resultados: Elaboração de protocolo assistencial para um hospital terciário sobre o manejo da endometriose. A revisão narrativa foi feita a partir da pesquisa onde foram obtidos 1201 artigos, dos quais restaram 638 após exclusão das duplicatas, tendo sido selecionados 48 para leitura completa. Destes 33 foram utilizados para confecção desta revisão. O dienogeste é a terapia mais estudada, com evidências do seu uso como tratamento de primeira linha e até mesmo como terapia adjuvante pós-cirúrgica. As pílulas orais combinadas demonstraram superioridade em relação ao placebo e têm eficácia comparável ao dienogeste. Considerando o perfil de efeitos colaterais e impactos na saúde óssea e cardiovascular, os agonistas de GnRH (GnRHa) devem ser prescritos à curto prazo, avaliando-se a necessidade de add back therapy, para os casos com falha ao tratamento de primeira linha. Os antagonistas de GnRH apresentam papel promissor, devido a capacidade de induzir um hipoestrogenismo parcial, dose-dependente, minimizando os efeitos observados com os agonistas. No entanto, não foram comparados às terapias de primeira linha e até o momento devem ser reservados para casos de falha do tratamento. As terapias complementares têm potencial como tratamento adjuvante da dor e assim auxiliar na melhora da qualidade de vida, no entanto, ainda carecem de evidências de boa qualidade. Algumas das dificuldades de avaliação das práticas complementares é a elaboração de estudos que envolvem múltiplas intervenções associadas e a falta de controle com placebo. Conclusões: As terapias de primeira linha incluem os progestagênios e as pílulas orais combinadas. Os agonistas de GnRH e os antagonistas de GnRH devem ser reservados para refratariedade ao tratamento de primeira linha. As terapias complementares podem ter papel como tratamento adjuvante, mas são necessários mais estudos.