Este estudo analisou o perfil epidemiológico de óbitos e tentativas de suicídio em mulheres de 10 a 49 anos residentes em Campinas, de 2014 a 2023, com dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) e do Sistema de Notificação de Violência (SISNOV/Sinan). Trata-se de um estudo descritivo de séries temporais, focado em variáveis como faixa etária, raça/cor, distrito de residência, método utilizado e local de ocorrência. Entre as causas externas de óbito, as lesões autoprovocadas tornaram-se predominantes a partir de 2018, com o enforcamento sendo o método mais comum. Em 2023, 21,5 dos óbitos femininos foram atribuídos a causas externas, com maior concentração no distrito sul. Mulheres brancas, com ensino médio completo, foram as mais afetadas, e a maioria dos óbitos ocorreu em domicílios. Outubro e dezembro destacaram-se como os meses com maior número de registros. As notificações de tentativas de suicídio aumentaram expressivamente, de 57 em 2014 para 723 em 2023, com a auto-intoxicação sendo o método mais frequente. As notificações também foram mais comuns entre mulheres brancas, com ensino médio completo, e residentes no distrito sul. A pandemia de COVID-19 coincidiu com o crescimento significativo desses eventos, sugerindo um impacto negativo na saúde mental feminina. Os dados revelam um problema de saúde pública complexo, envolvendo determinantes sociais, econômicos e psicológicos. As conclusões apontam para a necessidade de políticas públicas intersetoriais que priorizem a prevenção, o fortalecimento da assistência em saúde mental e o monitoramento contínuo dos dados. Investimentos em educação permanente e estratégias para reduzir a letalidade dos métodos utilizados também são essenciais. Este estudo contribui para ampliar o conhecimento sobre o tema, fornecendo subsídios para intervenções mais eficazes no enfrentamento desse grave problema de saúde pública.