A Faculdade de Enfermagem (FEnf) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) irá treinar, em Campinas e região, profissionais de diversas instituições de ensino e saúde no atendimento em primeiros socorros. Aprovado no âmbito do edital lançado pela Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (Preac), o projeto é coordenado pela professora Ana Paula Boaventura e pela enfermeira Cleuza Aparecida Vedovato. A iniciativa começou em 10 de setembro em duas unidades do município de Mogi Mirim: Sociedade Casa Santo Antonio e Colégio COC Conectado. Na Unicamp, o curso será oferecido no dia 22 de setembro aos profissionais da Divisão de Educação Infantil e Complementar (DEdIC), no período das 9 às 10h30, e a um grupo de estudantes e pesquisadores do Instituto de Geociências (IG), das 15 às 16h30. A expectativa da FEnf é ampliar o serviço para toda a região metropolitana, tendo prefeituras e serviços médicos de emergência como parceiros.
Em quase duas horas de curso, tanto os funcionários da Sociedade Casa Santo Antonio, quanto os professores e estudantes do Colégio COC Conectado tiveram a oportunidade de abordar conteúdos teóricos e práticos relativos ao atendimento em primeiros socorros, em seus locais de trabalho. Eles receberam orientações sobre o Reconhecimento da Situação de Emergência (PCR); a realização de manobras básicas de ressuscitação cardiorrespiratória – com avaliação de nível de consciência –; pedido de ajuda através dos números de urgência 192 e 193; compressões torácicas e utilização de desfibriladores externos automáticos (DEA); desengasgo em adultos e crianças; hemorragia externa; convulsão; desmaio e como acionar o serviço médico de emergência do município.
De acordo com Ana Paula, a necessidade de treinamento em Suporte Básico de Vida (SBV) é uma realidade no mundo todo. Implementar um programa de primeiros socorros em instituições que atuam no atendimento e cuidado de um grande número de pessoas, como escolas e asilos é um dos objetivos do projeto da FEnf e visa delinear um plano de atendimento à emergência.
“Em locais públicos com grande circulação de pessoas, geralmente não há informações específicas sobre o que fazer frente a uma emergência, as quais envolve atitudes simples relacionadas à prática de primeiros socorros. Certas medidas e procedimentos contribuem para evitar o agravamento do quadro clínico em caso de engasgamento, por exemplo, até a chegada do serviço médico”, explica Ana Paula.
Seguir diretrizes mundiais de emergências cardiovasculares e de ressuscitação cardiorrespiratória estabelecidas pelo International Liaison Committee on Resuscitation (ILcor) é missão da FEnf em seu programa de atuação nas instituições de ensino, sendo o foco do treinamento enfermeiros escolares, médicos, professores e funcionários. “As crianças e adolescentes passam hoje a maior parte do dia na escola, onde lesões acidentais são suscetíveis de ocorrer diante do grande número de atividades em grupos. É premente a necessidade de formar profissionais capacitados a estabelecer planos de atendimentos sistematizados de emergências, lidar com risco de vida e emergências médicas”, disse.
Ensinar para salvar
De acordo com a professora da FEnf, o acesso precoce ao serviço médico de emergência é, frequentemente, atrasado pela incapacidade das pessoas comuns de reconhecer a ocorrência de parada cardiorrespiratória e procurar socorro médico. Mudanças de conjuntura que aliem intensa informação com formação leiga e profissional são soluções capazes de reverter a gravidade do cenário atual. “A contribuição da educação comunitária e de segmentos específicos da população leiga, no reconhecimento das emergências e dos procedimentos a serem tomados, aumenta a chance de resposta adequada às emergências”, afirmou.
O projeto conduzido na FEnf parte da premissa de que todos os profissionais de saúde de nível médio e superior devem ser treinados no reconhecimento e tratamento das emergências, devendo estar habilitados para ativar imediatamente o serviço médico de emergência e iniciar, precocemente, as manobras de ressuscitação cardiopulmonar. Para que isso seja possível, Ana Paula explica ser necessária, a articulação e formação de diversas redes institucionais (centros e núcleos de pesquisa, escolas, hospitais, universidades, dentre outros), na realização, em larga escala, de treinamentos de emergências para leigos e profissionais de saúde. “Temos como objetivo aprimorar a educação e o treinamento de emergências estabelecendo a prática e o desenvolvimento destas habilidades”, pontuou a pesquisadora da FEnf.