FCM homenageia o professor João Luiz de Carvalho Pinto e Silva

O professor e médico João Luiz de Carvalho Pinto e Silva foi homenageado na manhã dessa sexta-feira (6) por conta de sua aposentadoria, durante a segunda reunião extraordinária da Congregação da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. Participaram da homenagem docentes, alunos, funcionários, amigos e familiares.

Aluno da segunda turma do curso de medicina, a história de João Luiz se confunde com a história da própria faculdade. “O que marcou minha chegada na semana em que ingressei na faculdade, em março de 1964, foram os tanques que estavam nas ruas e as aulas foram interrompidas”, lembra.

Na FCM da Unicamp, ele fez residência em ginecologia e obstetrícia, tornou-se mestre e doutor, chegando a professor titular. “Quando o Hospital de Clínicas foi inaugurado no campus, em 1986, eu já era professor e superintendente do hospital. Quando criaram o Caism, diziam que nem bem havia sido construído um hospital e já se planejava outro”, conta.

De acordo com o diretor da FCM, Mario José Abadalla Saad, “não é sempre que temos a oportunidade de fazer homenagens como essa, de grande emoção e de reconhecimento de uma vida dedicada à Universidade."

Aarão Mendes Pinto-Neto, chefe do Departamento de Toginecologia da FCM, contou que uma das virtudes de João Luiz é a liderança. O médico Luiz Guillermo Bahamondes discursou em nome da comunidade da FCM e disse que a homenagem não era sinal de despedida, mas sim de boas-vindas numa mudança de posição dentro do Departamento de Tocoginecologia.

“João Luiz passou 50 anos na FCM. Mais que docente e obstetra, ele sempre foi parteiro, sentado ao lado da paciente com a mão na barriga, cuidando para o nascimento das crianças”, revelou.

Foram mais de 40 turmas de medicina e 4 mil alunos que tiveram aula com João Luiz, ora na graduação ora na residência médica. Purista do idioma, de verba elegante e afiada, ouvi-lo com atenção sempre foi uma aula. Por causa de sua erudição, ele era o corretor das teses e artigos – ainda nos tempos da máquina de datilografar.

Segundo Bahamondes, João nunca fugiu das responsabilidades administrativas e é figura indispensável em qualquer congresso brasileiro de ginecologia e obstetrícia. “Talvez o convidem por ser polêmico e lutar contra o aumento das cesarianas no Brasil”, brincou o amigo de 41 anos de convivência.

Mais que médico, João Luiz sempre preferiu ser reconhecido como professor. A Unicamp foi a moldura de sua vida e de sua família. Muitos dos bebês nascidos pelas mãos de João Luiz são amigos de seus filhos. Ao sair de casa, diariamente, ele diz “estou indo para a escola”, com orgulho. Muitas histórias aconteceram. A turma de alunos de 1964 ainda hoje se encontra e relembra passagens e lutas que transformaram a Faculdade de Ciências Médicas num gigante.

“Meu pai era professor de anatomia na Universidade de São Paulo. Eu assistia suas aulas. Ele dizia que, se um dia eu não me emocionasse ao dar uma aula, eu deveria abandonar a profissão. Ainda hoje fico nervoso, antes de iniciar uma aula”, disse João Luiz.

Ainda de acordo com o ‘professor’, no começo não era só uma faculdade de medicina, mas o embrião de uma Universidade que, em pouco tempo, seria uma das mais importantes do Brasil e da América Latina.

“O desprendimento juvenil dos primeiros estudantes, alinhado ao profissionalismo e a dedicação dos professores e funcionários, criaram as condições de funcionamento para tornar irreversível a história da FCM. E uma nova geração de jovens professores e funcionários vem renovar os novos desafios. Estou muito feliz”, disse João Luiz, com voz embargada.