Cerca de três mil moradores de Campinas, entre jovens, adultos e idosos, serão entrevistadas até julho de 2014 por pesquisadores da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. Trata-se da pesquisa de base populacional Isacamp 2013/2014, coordenada pelo Centro Colaborador em Análise de Situações de Saúde (CCAS), do Departamento de Saúde Coletiva da FCM, que busca monitorar o estado da saúde da população, o uso dos equipamentos e serviços, e a prevalência de comportamentos.
A terceira edição da pesquisa aborda – além de temas recorrentes como diabetes, hipertensão, tabagismo e o uso de medicamentos – questões sobre saúde bucal, alergias, solidão e satisfação. A população mais velha, em especial, tem um módulo inteiramente dedicado à capacidade funcional e a qualidade do sono dos idosos. O ISACamp 2013/2014 objetiva também traçar um mapeamento da renda e da escolaridade dos campineiros, com o objetivo de averiguar o impacto social na saúde.
“Insistimos em dizer à população, que essa é uma pesquisa extremamente importante porque a partir dos dados obtidos, temos a possibilidade e a capacidade de avaliar o serviço oferecido e a saúde das pessoas”, conta Lhaís de Paula Barbosa, mestranda em Epidemiologia no CCAS que participa do ISACamp como entrevistadora. Lhaís explica que toda política pública costuma ser baseada em pesquisas. Assim, antes de tomar a decisão sobre qual estratégia implementar, os representantes do poder público, necessariamente, devem ter em mãos um diagnóstico da situação. “São as pesquisas e os inquéritos de saúde que farão esses diagnósticos”, afirma.
Outro aspecto das pesquisas similares ao ISACamp, destacado por Lhaís, é o papel da população em contribuir com o avanço da ciência. “Nossas teses de mestrado e doutorado são construídas a partir dos dados obtidos. O contato com a população permite estabelecer novas associações e relações que até então não tinham sido descobertas”, finaliza.
Enfermeira na Unicamp por 21 anos, a aposentada Odalia de Andrade Bressanin é moradora da Vila Costa e Silva e teve sua residência incluída na relação de domicílios a serem visitados pelo ISACamp 2013/2014. “A pesquisa realizada dessa forma acaba sendo mais humana porque se aproxima das pessoas. O entrevistador pode olhar as pessoas diretamente nos olhos e conhecer a sua realidade”, disse.
Odália concorda com a pesquisadora do CCAS sobre a importância da população para o avanço do conhecimento científico. “Podemos contribuir para que os pesquisadores detectem os pontos positivos e negativos de uma situação. A saúde pode melhorar sim porque não é só o remédio que cura”, observa, destacando outras variantes observadas pelos pesquisadores durante as visitas e que podem interferir na qualidade de vida da população. “Se você não se alimenta bem, não adianta tomar um monte de comprimidos”, analisa.
Saiba Mais
Em entrevista ao site da FCM, em novembro do ano passado, a coordenadora do CCAS e responsável pela pesquisa ISACamp 2013/2014, Marilisa Verti de Azevedo Barros, disse que Campinas é uma das poucas cidades a realizar esse tipo de monitoramento a cada cinco anos. “Com esses dados, poderemos comparar o que mudou na saúde da população, averiguar as disparidades sociais prevalentes, seus impactos no Sistema Único de Saúde e traçar ações públicas de saúde”, afirmou.
Distribuídos em 70 setores censitários, 6.600 domicílios serão visitados pelo ISACamp 2013/2014. O CCAS da Unicamp esclarece que os entrevistadores podem ser identificados com crachá e jaleco da universidade. A entrevista dura de 40 minutos a uma hora e meio, de acordo com a faixa etária da pessoa entrevistada. Todas as informações prestadas pelo morador são confidenciais. Depois de coletados, os dados são transferidos para um banco de dados, garantindo o anonimato. Mais informações podem ser obtidas através do telefone (19) 3521-9242 e email ccas@fcm.unicamp.br.