O sonho de muitos jovens é fazer medicina na Unicamp. O curso tem duração de seis anos. O vestibular é um dos mais concorridos. Foram 15.989 candidatos inscritos para as 110 vagas oferecidas na Faculdade de Ciências Médicas (FCM). A relação candidatos por vaga é de 145,4, um índice 14,2% maior que do ano passado. Mas, passar no vestibular é só o começo da carreira. A próxima etapa é fazer residência médica – momento em que o aluno escolhe uma das 70 especialidades ou subespecialidades. Dependendo da área de atuação, são entre dois a seis anos de trabalhos diários, dentro de um hospital público.
O crivo para entrar na residência médica da Faculdade de Ciências Médicas aumentou 32,4% em relação ao ano passado. Foram 1.945 candidatos inscritos para as 171 vagas oferecidas. Nas especialidades de acesso direto, as mais concorridas foram dermatologia, com 27,25 candidatos para quatro vagas e radiologia, com 18,14 candidatos para sete vagas. Nas especialidades clínicas, as mais concorridas foram endocrinologia, com 42 candidatos para três vagas e cardiologia, com 44 candidatos para cinco vagas. Na área cirúrgica, a especialidade mais concorrida foi cirurgia plástica, com 29 candidatos inscritos para duas vagas. (Veja lista completa e a relação candidato/vaga)
“Dermatologia não é uma área prioritária ao Estado, assim como a cirurgia plástica, que tem forte apelo estético, por isso existem poucas vagas, ao contrário de Pediatria e Clínica Médica que oferecem 20 e 30 vagas, por exemplo” disse o médico Luiz Roberto Lopes, coordenador da Comissão de Residência Médica (Coreme) da FCM da Unicamp.
Luiz Roberto também aponta o aumento do número de faculdades de medicina como um dos fatores que contribui para o aumento do número de candidatos por vaga no processo seletivo da FCM. Outro aspecto apontado pelo coordenador da Coreme é a qualidade dos programas que a FCM oferece. A faculdade tem 650 vagas credenciadas pela Comissão de Residência Médica (CRM). Hoje, 550 médicos-residentes atuam no Hospital de Clínicas (HC), Hospital da Mulher (Caism), Hospital Estadual de Sumaré (HES) e Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município de Campinas.
“Só não temos o total de vagas preenchidas porque faltam bolsas de estudo para a contratação de mais médicos-residentes. É possível que mais 17 bolsas sejam efetivadas já para 2014 nas áreas de medicina intensiva, neonatologia e oncologia”, comentou Luiz Roberto.
O valor de cada bolsa de estudo é de R$ 2.976,00 para até 60 horas de trabalho semanal. Do total de bolsas, 90% são pagas pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo e 10% pelo Ministério da Saúde, por meio do programa Pró-Residência. A Universidade cobre 15% do valor total das bolsas e completa com mais R$ 392,00 de auxílio-moradia. Todos os médicos-residentes podem almoçar e jantar no restaurante do HC ou HES.
Processo seletivo
O processo seletivo da Residência Médica da FCM é feito em três fases. A primeira é eliminatória, composta por uma prova com 80 questões múltipla escolha e 20 dissertativas. A segunda fase é uma prova de habilidades. Cerca de 300 pessoas entre atores, avaliadores e professores participam da organização. A prova ocorre nos ambulatórios do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp. São disponibilizadas cinco estações em áreas de clínica médica, ginecologia, saúde coletiva, pediatria e cirurgia em que um ator desempenha o papel de paciente. O candidato deve entrevistá-lo, fazer o exame e dar a conduta médica. Um avaliador anota o desempenho esperado do candidato para a situação criada, baseada em casos clínicos. A terceira fase é constituída de avaliação do currículo e entrevista do candidato.
“Os candidatos com as notas mais altas são convocados para a inscrição, de acordo com o número de vagas disponíveis. Esse é um dos melhores processos que existe”, disse Luiz Roberto.
Residência multiprofissional em saúde
Desde o ano passado, uma nova modalidade de residência é oferecida pela FCM: a Residência Multiprofissional em Saúde. Há dois programas de residência multiprofissional: em saúde e em saúde mental. Há vagas para enfermeiros, fonoaudiólogos, nutricionistas, psicólogos e terapeutas ocupacionais. A característica principal da residência multiprofissional é o ensino em serviço no Sistema Único de Saúde (SUS). No total, são oferecidas 36 vagas. No processo seletivo de 2013 houve 120 inscritos. Para 2014, o número de candidatos mais do que triplicou, com 478 inscritos, um aumento de 250% em relação ao ano anterior.
“A residência multiprofissional em saúde é uma política dos Ministérios da Saúde e Educação. O objetivo é o treinamento serviço como capacitador do profissional para trabalhar no SUS. Os alunos têm tutoria dos professores dos cursos de fonoaudiologia, nutrição, enfermagem e do departamento de saúde coletiva e são acompanhados, dentro do local de trabalho, por profissionais da área de atuação”, explicou Luciana de Lione Melo, coordenadora da Comissão de Residência Multiprofissional em Saúde da Unicamp (Coremu).
A Residência Multiprofissional em Saúde é uma modalidade de ensino de pós-graduação sob a forma de curso de especialização, com carga horária de 60 horas semanais e duração mínima de dois anos. O valor da bolsa de estudo é o mesmo da residência médica. Os residentes recebem auxílio moradia e alimentação. O processo seletivo envolve prova teórica, análise de currículo e entrevista dos candidatos.
Fotos: Marcelo Oliveira - CADCC-FCM/Unicamp