Em outubro deste ano acontece em Belo Horizonte, MG, o 2º Congresso Brasileiro de Política, Planejamento e Gestão em Saúde, promovido pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco). O tema desse ano é a construção do Sistema Único de Saúde (SUS). Para reunir ideias sobre o tema, quatro seminários pré-congresso foram organizados. O primeiro deles acontece nesta segunda-feira (27) no auditório da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. O foco são os impasses e desafios do SUS.
“Nesses 22 anos, o SUS cresceu muito, mas há problemas de financiamento e gestão de pessoal. Não conseguimos, por exemplo, colocar médicos na periferia das cidades e no interior dos Estados. A municipalização fragmentou o sistema. O Estado e a União ficaram sem função. Há uma certa paralisia e o que não cresce, regride”, alertou o médico sanitarista da FCM da Unicamp, Gastão Wagner de Souza Campos.
O chefe do Departamento de Saúde Coletiva da FCM da Unicamp, Edison Bueno, destacou a importância dos professores da área de saúde coletiva da faculdade na criação e consolidação do SUS. Em sua fala de boas-vindas aos participantes do encontro, Bueno citou os nomes de Davi Capistrano, Miguel Tobar Acosta, Sérgio Arouca e Nelson Rodrigues dos Santos como baluartes do SUS.
“Como dizia Arouca, o SUS é o grande projeto civilizatório da sociedade brasileira. Devemos seguir e manter essa inspiração”, disse Bueno.
O coordenador-geral da Unicamp, Álvaro Crosta, disse que segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil investe 8,5% de seu Produto Interno Bruto (PIB) em Saúde, sendo 45% em gastos públicos e 55% em privados. Na média, são gastos 460 dólares por pessoa. Ao seu ver, o Brasil construiu um sistema gratuito de saúde com menos recursos financeiros do que é gasto no sistema privado.
“Devemos ter orgulho do SUS, mas nem um e nem outro sistemas conseguem atender adequadamente a população brasileira em relação à saúde. Isso é um paradoxo. Parece que o SUS padece de um subfinanciamento. Há uma tradição dos docentes e alunos da Unicamp refletirem sobre isso e proporem soluções”, disse Crosta.
Após as discussões e debates do encontro, um documento com sugestões será redigido. Ao final dos quatro seminários – os próximos ocorrem em Brasília, Recife e Belo Horizonte – um grande roteiro será enviado para 2º Congresso Brasileiro de Política, Planejamento e Gestão em Saúde, que acontece no Minascentro, também em Belo Horizonte.
O professor e coordenador da pós-graduação da FCM Licio Velloso também compôs a mesa de abertura do seminário. No decorrer do dia, falam os professores Gastão Wagner (Unicamp), Ligia Bahia (UFRJ), Luiz Eugênio Portela (UFBA); os deputados federais Ivan Valente e Arlindo Chinaglia e o vereador de Campinas Pedro Tourinho.
Texto e fotos: Edimilson Montalti - ARP-FCM