Pesquisa sobre síndrome mão-pé ganha prêmio em congresso internacional de oncologia

A médica Lígia Tralde Macedo, do serviço de oncologia do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, apresentou no mês de outubro, no Congresso Europeu de Oncologia Clínica uma meta-análise de estudos prospectivos randomizados envolvendo estratégias de prevenção para síndrome mão-pé induzida por quimioterapia em 195 trabalhos publicados no PubMed, maior base de dados eletrônica da área médica. O trabalho foi classificado como o melhor pôster da sessão de cuidados paliativos com Congresso, ocorrido em Viena, Áustria. O orientador da pesquisa foi o médico André Saase.

A síndrome mão-pé, ou eritrodisestesia palmo-plantar, é um evento adverso distinto relativamente frequente a alguns agentes quimioterápicos, sendo muitas vezes reconhecido como uma reação-dose limitante, com consequente interferência na eficácia terapêutica dos agentes. A prevenção deste evento seria, portanto, crucial para evitar a interrupção do tratamento.

“Muitos estudos têm sido desenvolvidos na tentativa de alcançar este objetivo. Com esta meta-análise, pretendemos analisar a eficácia clínica de estratégias de prevenção atuais”, disse Ligia.

A médica procurou ensaios clínicos randomizados que comparassem a intervenção em questão versus a observação ou placebo na maior base de dados eletrônica, o PubMed. Resumos de encontros da ASCO e ESMO entre 2000 e 2011 também foram verificados. Os desfechos avaliados foram a presença de síndrome mão-pé de grau 1 (leve) e graus 2 a 3 (moderada a severa). A meta-análise foi calculada através do RevMan software versão 5.1.

Entre 195 artigos potenciais, apenas seis corresponderam aos critérios de inclusão. No que diz respeito à síndrome mão-pé leve, a utilização de inibição da COX-2 através de celecoxibe apresentou benefício estatístico, ao passo que a piridoxina oral e o tratamento tópico com creme de ureia e ácido láctico não conseguiram provar a eficácia. O mesmo padrão foi observado para a síndrome mão-pé moderada a grave, onde o celecoxibe reduziu significativamente o número de eventos, ao contrário de piridoxina e creme de ureia e ácido láctico.

“Podemos concluir que, a partir de todas as possibilidades disponíveis para a prevenção de síndrome mão-pé, o celecoxibe parece ser o agente mais promissor, com resultados estatisticamente significativos. No entanto, maiores estudos multicêntricos, utilizando placebo seriam ideais para reforçar esta hipótese. A toxicidade com o uso prolongado destes agentes também não foi bem caracterizada nos estudos”, explicou Lígia.

Texto: Edimilson Montalti - ARP-FCM/Unicamp

Foto: Divulgação