QUINTAL BRASILEIRO & IZAÍAS E SEUS CHORÕES

 QUINTAL BRASILEIRO & IZAÍAS E SEUS CHORÕES

APRESENTAM-SE EM CAMPINAS, NO AUDITÓRIO DA FCM

Os grupos Quintal Brasileiro e Izaías e seus chorões − o primeiro um quinteto de cordas, o segundo um quinteto de choro − juntam-se para apresentar em Campinas a célebre "Suíte Retratos", de Radamés Gnattali, e outros clássicos da música brasileira. O espetáculo acontece na segunda-feira, 4 de Junho, às 20 horas, no Auditório da FCM / Unicamp. Entrada franca.

 

Principal gênero instrumental da música popular brasileira, o choro tem a capacidade de atrair e unir instrumentistas de diferentes gerações, além de ser um dos poucos gêneros que consegue colocar lado a lado músicos do universo popular e do erudito.
        Exemplo disso é o fascínio, amizade e admiração mútua que unem os integrantes dos grupos Izaías e seus Chorões (quinteto de formação popular, com músicos na faixa dos 48-80 anos) e Quintal Brasileiro (quinteto de formação erudita, com músicos na faixa dos 40-50 anos).
        A associação Izaías e seus Chorões e Quintal Brasileiro vem de longa data, os dois grupos têm feito apresentações conjuntas há mais de dez anos
        Já na primeira apresentação que fizeram executaram a "Suíte Retratos", de Radamés Gnattali. Desde então aconteceram várias outras apresentações, sempre com programas que invariavalmente incluem a "Suite Retratos".
        É o que acontece agora, neste espetáculo que fazem em Campinas na segunda-feira, 4 de Junho, no Auditório da FCM-Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp.
        Além da "Suite Retratos" − obra na qual Radamés Gnattali cria 'retratos musicais' de quatro figuras fundamentais na história do choro: Pixinguinha, Ernesto Nazareth, Anacleto de Medeiros e Chiquinha Gonzaga −, o repertório do espetáculo tem clássicos como "Noites cariocas", "Odeon", "Lábios que beijei" e "Carinhoso". Essas músicas, que fazem parte da memória cultural de todos os brasileiros, são apresentadas em arranjos originais, que misturam os instrumentos tradicionais do choro com os instrumentos de cordas da música erudita.
        A apresentação tem apoio do ProAC, da Secretaria de Estado da Cultura, foi selecionada através do "Edital de Circulação de Espetáculos Musicais".

Transcender as fronteiras − Apesar de sua formação erudita, o gaúcho Radamés Gnattali (1906-1988) envolveu-se desde cedo com a música popular de qualidade, desenvolvendo nesse ambiente uma significativa carreira como instrumentista, compositor e arranjador. Em extensa produção convivem lado a lado, em igualdade de condições, composições e arranjos para músicos populares e peças de linguagem erudita.
        Nesse mesmo espírito, a proposta de transcender as fronteiras da música erudita e a busca de uma maneira de tocar mais próxima da linguagem popular levaram o grupo Quintal Brasileiro a procurar representantes de uma linhagem de intérpretes diretamente ligados ao choro mais autêntico.
        Com quase 50 anos de carreira dedicados a esse gênero, o grupo Izaías e seus Chorões é tido como referência por seu refinamento e qualidade musical, carregando na bagagem apresentações e contato musical direto com Radamés Gnattali e Jacob do Bandolim (1918-1969), a quem o compositor dedicou a "Suite Retratos".
        Para o bandolinista Izaías Bueno de Almeida, líder do grupo, tocar a "Suite Retratos" e outras composições do repertório tradicional do choro junto com um quinteto de cordas é um privilégio para os músicos e para o público, e a mistura clássico-e-popular só enriquece o gênero.

Prazer de tocar e rigor técnico − Quinteto de cordas formado em 2002, o Quintal Brasileiro tem roupagem erudita mas sotaque e repertório popular. Sua proposta é a de tocar peças de música popular de maneira camerística. Mais do que isso, o grupo busca aliar a espontaneidade e o prazer de tocar do músico popular ao rigor técnico e à virtuosidade do músico erudito. A natureza do trabalho está implícita no nome “quintal”, que remete à ideia de um espaço prazeroso para experiências musicais criativas.
        O grupo tem em sua formação dois violinos, viola, violoncelo e contrabaixo, instrumentos que fazem parte do núcleo central de uma orquestra sinfônica. Todos os seus integrantes trabalham em orquestras e universidades em posição de destaque: Luiz Amato (violino), professor da Unesp; Esdras Rodrigues (violino) e Emerson de Biaggi (viola), professores da Unicamp; Adriana Holtz (violoncelo) e Ney Vasconcelos (contrabaixo), integrantes da OSESP.
        A original proposta do Quintal Brasileiro manifesta-se vivamente nos dois CDs já lançados pelo grupo, “Abstrações” (2006) e “Vibrações” (2011), ambos com distribuição Tratore.
       
Manifestação da alma brasileira − O choro pode ser considerado a primeira música urbana tipicamente brasileira. E o grupo Izaías e seus Chorões surgiu em 1974, em reuniões informais entre amigos e estudiosos do choro, justamente com a finalidade de divulgar uma forma de tocar e divulgar este gênero no seu modo mais puro, como concebido nas últimas décadas dos anos 1800, procurando dessa forma conservar suas raízes.
         Para seus músicos, apesar de toda a evolução da música brasileira e das influências da música internacional, o desejo de persistir cultivando a linguagem do choro se deu pela sofisticação do gênero, que exige permanente estudo e dedicação. E pela beleza do legado deixado por mestres como Pixinguinha, Jacob Bittencourt e Ernesto Nazareth, entre tantos outros. Nas palavras do bandolinista Izaías Bueno de Almeida, “queremos a preservação do lirismo, da graça e da simplicidade modelar e inusitada de executar o choro, a mais pura manifestação musical da alma brasileira”.
         Com vários discos gravados ao logo de seus quase quarenta anos de atividades, o grupo Izaías e seus Chorões tem em sua atual formação cinco notáveis instrumentistas: Izaías Bueno de Almeida (bandolim), Israel Bueno de Almeida (violão de 7 cordas), Edmilson Capelupi (violão), Henrique Araújo (cavaquinho) e Tigrão (percussão).