No último século a esperança de vida aumentou drasticamente em todo o mundo. O envelhecimento da população ocorre em todos os lugares. O número de idosos no Brasil dobrou em 30 anos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) promove, anualmente, em 7 de abril, o Dia Mundial da Saúde. Com o slogan "Uma boa saúde acrescenta vida aos anos", o tema deste ano é envelhecimento e saúde. A data foi comemorada nesta segunda-feira (9) no auditório da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp.
A modificação geográfica da população, na opinião de Oswaldo Grassiotto, diretor executivo do Hospital da Mulher “Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti (Caism), se deve aos antibióticos e à pílula anticoncepcional. Se há 25 anos o Caism era considerado uma grande maternidade, hoje ele é considerado um hospital de tratamento de moléstias crônicas degenerativas, particularmente o câncer ginecológico e mamário. “A mulher tem papel fundamental na transição dos cuidados do idoso”, disse Grassiotto.
Essa preocupação faz parte das ações dos gestores da área da saúde da Unicamp. De acordo com a enfermeira Flora Marta Giglio Bueno, diretora do Departamento de Enfermagem do HC, a formação de equipes multidisciplinares para o atendimento da demanda dessa população, que no Brasil está em torno de 16 milhões, é urgente. “A enfermagem tem a oportunidade de desempenhar a tarefa de assistir as pessoas nessa fase da vida com dignidade, igualdade e respeito, viabilizando de forma articulada os recursos do Sistema Único de Saúde (SUS)”, comentou Flora.
O superintendente do Hospital de Clínicas da Unicamp, Manoel Barros Bertolo, disse que o HC está atento a essas mudanças e busca maneiras mais adequadas para o atendimento de idosos que chegam às áreas de Urgência e Emergência do hospital. “Bom atendimento é direito do cidadão e neste Dia Mundial de Saúde temos vários pontos para refletir”, disse Bertolo.
O professor do Instituto de Biologia da Unicamp Mohamed Habib explicou que o envelhecimento faz parte do ciclo da vida e entender os passos biológicos desse processo é fundamental para o cuidado do idoso. A velhice, para Habib, é um investimento que deve começar na infância e na juventude. “A sociedade urbana tem feito um estrago nos jovens. Eles estão suscetíveis a acidentes, violência, consumo de álcool e drogas. Um país que não cuida dos jovens não vai cuidar dos velhos”, alertou Habib.
O diretor da FCM, Mario José Abdalla Saad, disse que nos últimos dez anos houve um avanço no entendimento do processo de envelhecimento. E as pesquisas produzidas nas Universidades – inclusive na Unicamp – aceleraram a velocidade de troca dos conhecimentos produzidos nessa área. Segundo Saad, em breve será possível que um enfermeiro com 80 anos de idade e 60 de experiência possa ter as mãos de um jovem de 30 anos.
“A experiência do idoso com um corpo jovem, preparado para cuidar da saúde e transmitir o conhecimento para a sociedade. Seria uma situação ideal e não estamos muito longe de conseguir isso. Seja por ideologia, obrigação social ou interesse pessoal, todos querem envelhecer com boa saúde”, sentenciou Saad.
O Dia Mundial da Saúde foi criado em 1948, pela Organização Mundial de Saúde (OMS), para manter o bom estado de saúde das pessoas do mundo e alertar sobre os principais problemas que podem atingir a população. O evento na Unicamp foi organizado pelos Departamentos de Enfermagem do Hospital de Clínicas (HC) e FCM, com o apoio do Grupo Gestor de Benefícios Sociais (GGBS). O coral Flor da Terceira Idade fez a abertura da comemoração do Dia Mundial da Saúde com um pout pourri de músicas brasileiras.
Texto: Edimilson Montalti - ARP-FCM/Unicamp
Fotos: Camila Cristina Guimarães Campos - GGBS/Unicamp