No dia 5 de outubro de 1966 foi lançada a pedra fundamental da Unicamp. A solenidade, presidida pelo presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, com a presença de autoridades de São Paulo, Campinas e da própria Universidade, foi lavrada em pergaminho. Durante 30 anos, este documento ficou perdido. A partir de um contato do professor do Departamento de Radiologia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) Lívio Nanni, aluno da segunda turma do curso de medicina, o documento original foi entregue à Unicamp nas comemorações de seus 30 anos. Duas cópias foram feitas.
Quando estudante, Nanni conheceu o intermediador da doação das terras da fazenda Rio das Pedras, de propriedade de Ademar de Almeida Prado, e do loteamento da cidade universitária. Segundo o professor da FCM, ele era uma pessoa boníssima, porém extremamente vaidoso. Na confusão do dia do lançamento da pedra fundamental, o
pergaminho sumiu. Nas comemorações dos 30 anos da Unicamp, ventilou-se a possibilidade do documento estar com ele.
“Como tinha uma série de acontecimentos nas comemorações dos 30 anos da Unicamp, eu sugeri que se desse o nome dele a algum local ou praça e o convidasse para a cerimônia. E foi o que aconteceu. Ele apareceu nesse dia e entregou o pergaminho que guardou por zelo”, explicou Nanni que ganhou uma cópia do documento em gratidão pela sua iniciativa.
A doação da cópia aconteceu na manhã desta segunda-feira (30) no saguão da diretoria da FCM durante o descerramento do quadro do médico e professor José Antonio Rocha Gontijo, diretor da faculdade no período de 2006 a 2010, na galeria de ex-diretores da FCM. A solenidade foi acompanhada por autoridades da Unicamp, chefes de Departamentos, professores, funcionários e alunos.
“As pessoas passam pela vida e deixam marcas. A maior característica de Gontijo talvez seja o desprendimento. Se ele puder ajudar, ele faz. A gestão dele prezou por decisões acadêmicas, lealdade, desprendimento e fez a FCM avançar bastante”, disse Mario José Abdalla Saad, diretor da FCM.
Gontijo disse que um quadro não representa uma gestão e que ele deve muito à colaboração dos funcionários e coordenadores das comissões, Departamentos, Centros e Núcleos da faculdade. O ambiente de trabalho da faculdade também favorece. “Com o tempo, largamos ideias arraigadas e entendemos a diversidade. Não dá para uma só pessoa dirigir uma faculdade do tamanho e da importância da FCM. Aprendi a ter paciência e compreensão. Fiz uma gestão que contemplasse a todos. No final, quem mais ganhou fui eu”, disse Gontijo, emocionado com a quantidade de amigos e colaboradores que compareceram ao evento.
O reitor da Unicamp, Fernando Ferreira Costa, disse que por qualquer órgão avaliatório – considerando a proporção entre produção acadêmica-científica e corpo docente e discente – a Unicamp é a primeira no cenário nacional e reconhecida internacionalmente. Segundo Costa, no conjunto de faculdades e institutos que compõem a Unicamp, a FCM se destaca na graduação e na pós-graduação. “Isto se deve a gestão dos dirigentes que estiveram à sua frente. Cada um, a seu modo e maneira, fez a FCM ser o que é hoje, um porto seguro. Gontijo contribuiu com decisões e projetos importantes para isso”, disse Costa.
JOSÉ ANTONIO ROCHA GONTIJO nasceu em Piumhi, Minas Gerais. Possui graduação em medicina pela Universidade de Brasília, mestrado em medicina pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP e doutorado em clínica médica pela USP. Foi coordenador do programa de pós-graduação em Clínica Médica de 1996 a 1998, coordenador da comissão de pós-graduação da FCM da Unicamp entre 1998 e 2002, diretor-associado da FCM no período de 2002 a 2006 e diretor da Faculdade de Ciências Médicas no período de 2006 a 2010. Atualmente, é professor de Clínica Médica da FCM da Unicamp e coordenador da área de Medicina 1 da Capes. Tem experiência na área de Medicina, com ênfase em Nefrologia, atuando principalmente nos seguintes temas: função renal, homeostase hidrossalina, controle neural do rim. É bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq - Nível 1C.