Márcia Cioli, bioestatística do Departamento de Medicina de Reabilitação da Universidade de Washington, em Seattle, Estados Unidos, esteve nesta terça-feira (29) no anfiteatro 2 da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp conversando com alunos do curso de pós-graduação em Enfermagem sobre cálculo do tamanho da amostra e poder do teste. Formada pela Unicamp, há 12 anos ela colabora no desenvolvimento de projetos temáticos e publicações científicas. A bioestatística é uma modalidade da estatística que utiliza métodos que envolvem seres humanos.
“A bioestatística é importante desde o planejamento do trabalho. Se o trabalho não for planejado de acordo com princípios estatísticos, no final é possível – e acontece – que os dados coletados não sejam apropriados para responder a pergunta que o pesquisador quer”, disse Márcia.
No caso da área da saúde, Márcia disse que é comum dois erros na elaboração de pesquisas: não saber o tamanho da amostra que precisa e fazer estudo sobre causa e efeito de forma transversal. “Vejo muitos pesquisadores quererem fazer demais com os dados quando não podem ou ao contrário, terem dados riquíssimos e não fazer uma análise que aproveite melhor os resultados”, disse Márcia.
A vinda de Márcia ao Brasil partiu da colaboração no projeto temático da FAPESP sobre qualidade de vida. O projeto temático é coordenado por Lídia Aparecida Rossi, da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto e por Roberta Cunha Rodrigues Colombo, do Departamento de Enfermagem da FCM.
“Aproveitamos a vinda de Márcia ao Brasil para oferecer aos alunos do programa de pós-graduação em Enfermagem e comunidade da área da Saúde duas palestras. Ontem ela falou sobre sua experiência na elaboração de artigos científicos em periódicos internacionais de impacto. Essa nova estrutura busca agregar estudos desenvolvidos em parcerias aqui e em Ribeirão Preto”, revelou Roberta.
Trabalhando há 30 anos como estatística, Márcia disse que no começo foi difícil vencer barreiras num mercado promissor e distinto. Para ser bioestatística, revela, é preciso um pouco mais de especialização na hora de aprender a metodologia de trabalho, diferente da estatística mais clássica.
“Meu trabalho é traduzir aquilo que o pesquisador quer fazer em termos de estatística e devolver para ele a minha visão daquilo que deve ser feito, mas não de forma matemática. Depois que se cria confiança, começa a colaboração e o produto é muito melhor para todos”, disse Márcia.
Texto e fotos: Edimilson Montalti - ARP-FCM/UNICAMP