Dia Internacional da Tireoide - Médicos da FCM tiram dúvidas e falam sobre diagnóstico e tratamento

Dia 25 de maio é considerado o Dia Internacional da Tireoide. No mundo todo e no Brasil, ações de conscientização da doença foram programadas para esta quarta-feira (25). Considerada uma doença silenciosa, estima-se que aproximadamente 300 milhões de pessoas sofram de disfunções da tireoide no mundo e, destas, mais de 50% desconhecem esta condição. Estudos populacionais brasileiros mostram que 10% da população têm problemas de tireoide. Os mais comuns são o hipotireoidismo, o hipertireoidismo e o câncer de tireoide. Em idosos, a incidência das doenças aumenta conforme a idade, já nas mulheres a chance de desenvolver as doenças é de três a cinco vezes maior do que nos homens.

A professora Laura Sterian Ward do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp e presidente do departamento de Tireoide da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), juntamente com os professores Alfio José Tincani, médico do Ambulatório de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Ligia Assumpção, chefe do Ambulatório de Nódulos da disciplina de Endocrinologia do HC e da Unicamp realizaram na tarde de hoje, no anfiteatro do Hospital de Clínicas (HC), uma palestra e um bate-papo abertos ao público sobre as doenças que afetam a glândula tireoide.

De acordo com informações do HC, cerca de 120 pessoas são atendidas por semana nos três ambulatórios voltados para o tratamento de doenças da tireoide. Só no ambulatório de câncer de tireoide são mais de 150 atendimentos por mês, sendo que 7% são casos novos de câncer.

De forma didática e simples, Laura explicou que a tireoide esta localizada na região anterior do pescoço e tem forma de borboleta. Os hormônios tireoidianos (T4 e T3) são responsáveis pela regulação do metabolismo, ou seja, por todo o trabalho celular do organismo. O hipotireoidismo e o hipertireoidismo podem causar uma série de sintomas leves ou inespecíficos.

Segundo Laura, fadiga, intolerância ao frio, desânimo, queda de cabelo, pele seca e ganho de peso podem ser sintomas de hipotireoidismo. Já perda de peso, pele úmida e agitação podem ser sintomas de hipertireoidismo. Durante a palestra, Laura alertou sobre uma prática muito comum adotada pelos médicos para diagnóstico de problemas de tireóide: a ultrassonografia. A médica endocrinologista alertou que a tomografia é um exame muito sensível que diagnostica a presença de nódulos benignos na região da tireoide presentes em 80% dos exames, dos quais apenas 1% pode ser maligno.

“O melhor exame capaz de diagnosticar com certeza as disfunções da tireoide é o exame de TSH que avalia os níveis do hormônio. O teste é simples, de baixo custo e disponível pelo Sistema Único de Saúde”, explicou Laura.

Outro alertou dado pelos especialistas ao público presente, principalmente para aqueles que fazem uso de medicamentos para regular as funções da tireóide, foi de não trocar de marca ou dosagem sem consultar o médico. “Os medicamentos formulados para a tireóide não dão bom controle. Você deve ser fiel ao medicamento que foi prescrito e não deve ficar trocando ao bem-prazer”, disse Ligia.

Sobre uma questão comum disseminada na sociedade de que a disfunção da tireoide pode causar o sobrepeso, Laura foi enfática ao afirmar que o hipotireoidismo causa uma diminuição do metabolismo celular e baixo rendimento físico. O que causa a obesidade é o sedentarismo e o desequilíbrio entre consumo de calorias e gasto energético.  “Não dá para culpar apenas a tireoide pela obesidade”, disse.

Uma questão em estudo e ainda sem resposta pelos especialistas é de que forma o estresse pode desencadear doenças da tireoide comumente relatadas na literatura médica. Aspectos ambientais e físicos já são notoriamente conhecidos como desencadeadores das doenças de tireoide que são autoimunes – os próprios anticorpos atacam a tireoide como se ela fosse uma ameaça.

“O acidente nuclear em Fukushima, no Japão, liberou enorme radiação ionizante que é a causa do câncer de tireoide. Estudos mostram que pessoas que sofrem forte estresse emocional ativam os anticorpos que passam a destruir a tireoide. Não entendemos ainda este mecanismo, mas para qualquer um deles há tratamento”, concluiu Laura.

Texto e fotos: Edimilson Montalti
ARP - FCM/UNICAMP