A Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp promove de 9 a 12 de maio a 5ª de Pesquisa da FCM. Durante quatro dias, 153 trabalhos de iniciação científica e pós-graduação serão apresentados em forma de pôster, das 12 às 14 horas, no Espaço das Artes da FCM. Os cinco melhores trabalhos serão premiados no encerramento do evento que acontece no dia 12, às 16 horas, no Salão Nobre da faculdade. Nesta segunda-feira (9), 38 trabalhos foram avaliados por uma comissão formada por professores e pesquisadores da FCM.
Para a professora do Departamento de Genética Médica da FCM Claudia Vianna Maurer Morelli, o nível dos trabalhos está bom. O que chamou a atenção da neurogeneticista foi o grande número de trabalhos de iniciação científica produzidos por alunos da graduação inscritos nesta quinta edição da Semana de Pesquisa. “Esta participação é positiva porque mostra que os alunos já estão com o pensamento científico apurado desde o início da graduação”, disse Cláudia. O pesquisador Bruno Alves Pain do Departamento de Patologia Clínica da FCM disse que é estimulante ver a participação de tantos jovens. Ele lembrou que há cinco anos atrás havia apenas meia-dúzia de trabalhos inscritos da primeira Semana de Pesquisa e hoje a quantidade é bem maior. “A intenção é trazer mais alunos para o meio científico, mantendo o nível elevado da pesquisa que se faz na Unicamp”, disse Pain.
Felipe Augusto de Oliveira, 19, segundanista do curso de ciências biológicas da Unicamp se inscreveu para um projeto de iniciação científica no Departamento de Genética Médica da FCM. Orientado pela professora Íscia Lopes-Cendes, ele não pensou duas vezes em escrever parte de seu trabalho “Explorando a complexidade genética da epilepsia mioclônica juvenil” para a 5ª Semana de Pesquisa. “Aqui você já entra no clima do que seria um congresso e se prepara para apresentações futuras. Todo instituto e faculdade da Unicamp deveria ter sua semana de pesquisa. É enriquecedor”, disse Oliveira.
O psicólogo com formação em neuropsicologia Ricardo Franco de Lima defendeu seu mestrado “Sintomatologia depressiva e funções corticais em avanços com dislexia do desenvolvimento” há duas semanas no Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria. A orientação foi da professora Sylvia Maria Ciasca, do Departamento de Neurologia. Ele trouxe a pesquisa para apresnetar na 5ª Semana de Pesquisa da FCM. “Ficamos muito no Departamento ou nos ambulatórios atendendo e temos pouco contato com trabalhos de outras áreas. Aqui, temos a oportunidade de conhecer o que os outros estão fazendo e também de sermos avaliados. Recebemos sugestões dos professores e isto contribui para melhorar o trabalho para uma possível publicação”, explicou Lima.
O professor Nelson Filice de Barros, do Departamento de Medicina Preventiva e Social avaliou alguns trabalhos e os achou consistentes, com metodologias e linhas de pesquisas bem elaboradas e que, no conjunto, representam grupos e laboratórios de diferentes instituições. Duas coisas chamou-lhe a atenção: a linguagem visual e textual dos pôsteres e o resultado das pesquisas para a sociedade. “Há pesquisas centradas em microbiologia, genética, nanoconhecimento e isto deve ter uma volta para a qualidade de vida das pessoas. Você deve fazer uma ciência compromissada com a vida”, recomendou Nelson.O professor Joaquim Bustoff do Departamento de Cirurgia da FCM acha muito bonito o entusiasmo com que os alunos fazem a apresentação e defendem suas descobertas. Isso demonstra, na sua opinião, que eles estão gostando de ciência e que foram “mordidos” pela descoberta de algo. Por vezes, disse, Joaquim, todo o trabalho de anos no laboratório está contido num quadradinho no pôster. “Em algum momento eles precisam se afastar do que fizeram, manter a frieza científica em relação aos resultados e não permitir que o entusiasmo lhes levem a conclusões que o trabalho não permite”, orientou Joaquim.
Mas tanto Nelson quanto Joaquim ressaltam que não são avaliadores, mas sim educadores e que a Semana de Pesquisa é uma oportunidade para os alunos correrem riscos e exporem, num ambiente que lhes é familiar, os primeiros passos da pesquisa. Para Cláudia Morelli, o importante é que os trabalhos tenham uma linguagem científica, mas que seja acessível para todos.“Aqui eles podem errar. Lá fora a competição é acirrada”, ressaltou Joaquim.
A diretora-associada da FCM Rosa Inês Costa Pereira vê a consolidação da Semana de Pesquisa com a apresentação de trabalhos inéditos que facilitam a aproximação de alunos da graduação e da pós-graduação com opções para eles enveredarem no caminho da pesquisa. “Eles podem adquirir uma capacidade crítica maior, desenvoltura nas apresentações e superar o estresse de ver seus trabalhos expostos. É um treinamento para eles se posicionarem em público e fazer a diferença como bons profissionais que desejamos formar”, disse Rosa.
A abertura da 5ª Semana de Pesquisa da FCM ocorreu na sexta-feira (6) com a participação do presidente do CNPq Glaucius Oliva no auditório da faculdade.
Fotos e texto: Edimilson Montalti