Os 124 alunos dos 55 cursos de aprimoramento e especialização da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp participaram na manhã desta segunda-feira (28) do “IX Seminário dos cursos de aprimoramento de 2011”, com a participação de Everardo Duarte Nunes, professor e sociólogo do Departamento de Medicina Preventiva e Social da FCM. Everardo falou sobre o tema “Interdisciplinaridade: história e conceito. Antes da palestra, a coordenadora do Cepre Ivani Rodrigues deu as boas-vindas aos ingressantes e parabenizou a turma de 2010 pela conclusão do curso.
Maria Cecília Pinheiro Lima, fonoaudióloga e coordenadora dos cursos de aprimoramento e especialização da FCM, disse que será um ano de muito trabalho e dedicação para os alunos que estão chegando com aulas, estágio, supervisão e trabalho de conclusão de curso (TCC). A FCM oferece 129 vagas para os aprimorandos, sendo 69 custeadas pela Fundação de Desenvolvimento Administrativo (Fundap). “O objetivo é fornecer uma formação especializada para não-médicos, completar à formação universitária, estimular uma visão crítica a abrangente do Sistema Único de Saúde voltado ao atendimento da população”, explicou Cecília.
Segundo o professor e sociólogo Everardo Duarte Nunes, a ideia da interdisciplinaridade não é atual. Entre 1509 e 1511, Rafael Sanzio, a pedido do papa Júlio II, pinta o monumental quadro conhecido como “A Escola de Atenas”. Medindo 35 metros quadrados, Rafael coloca 56 figuras representando o conhecimento que se tinha até então das sete artes liberais: a gramática, a lógica, a retórica, a aritmética, a geometria, a astronomia e a música. Platão, Aristóteles, Sócrates, Hipatia de Alexandria, Zaratustra, Ptolomeu, Euclides, Heráclito foram retratados com o rosto de figuras contemporâneas. Platão, por exemplo, era Leonardo Da Vinci. “De forma inspirada, ele conseguiu captar a ideia da interdisciplinaridade”, disse Everardo.
Ao avançar na história, muitos pensadores reformularam a estrutura da educação grega. Bacon, Michelet, Diderot, D´Alembert foram alguns deles. Hoje, segundo Everardo, não existe campo quem não trabalhe a questão interdisciplinar, porque ela atravessa os problemas sociais, educação, saúde, planejamento urbano. Na opinião do professor, a questão climática é totalmente interdisciplinar, uma vez que a questão do meio ambiente não dá para ser trabalhada sem que se busque parcerias.
“Na vida, as coisas não estão separadas, catalogadas, disciplinarizadas. Todos nós somos uma unidade que totaliza uma série de experiências que vem de determinadas fontes de informação que faz os nossos trajetos de vidas, as nossas histórias”, explicou.
Para Everardo, uma prática desprovida de teoria cai completamente no vazio. Se o aluno não tiver um arcabouço teórico-conceitual que lhe permita alavancar as suas práticas e elaborar novas formas de pensar o conhecimento, este se torna simplesmente uma reprodução do que os outros já disseram. O próprio conhecimento é recriado pela linguagem e mapeado pela comunidade científica. Quando se produz o conhecimento, é o momento de se fazer o resgate do que os outros falaram. De acordo com Everardo, a interdisciplinarização não vai abolir a disciplinarização. Há um enlace, uma parceria, uma linha divisória e uma cumplicidade produtiva.
“Como disse Platão, ‘da ciência do número à musica, deste à harmonia cósmica’ a identificação científica é atual. Há muitas maneiras de se trabalhar, seja no laboratório tradicional ou no laboratório social. A beleza do conhecimento está em você poder fazer uma arquitetura. O trabalho de final de curso tem que ser, além de um trabalho científico, uma obra de arte”, disse Everardo.
No final do evento foi entregue aos alunos que concluíram a especialização a especialização o prêmio “Destaques 2010”. Oito trabalhos científicos foram premiados. Foram eles:
"Reatividade contra painel de antígenos HLA-A e B no soro de pacientes renais crônicos: comparação entre os métodos físico e virtual", de Juliana Cristina Guizzo. A orientadora foi Sofia Racha Lieber.
"Caracterização citogenética e molecular de um rearranjo cromossômico complexo", de Juliana de Paulo. A orientadora foi Carmen Bertuzzo.
"Associação e correlação entre as sequelas no pós AVC: linguagem e deglutição", de Mariana Mendes Bahia. A orientação foi de Regina Yu Shon Chun e Lucia Figueiredo Mourão
"Aquisição de Libras como segunda língua por crianças ouvintes", de Mariana Rodrigues Bressan. A orientação foi de Zilda Gesueli.
"Pressões inspiratórias máximas em pacientes entubados versus novos valores de referência", de Melaine de Carvalho Soares e "O dióxido de carbono exalado e a saturação periférica de oxigênio informados pelo monitor são fidedignos perante a gasometria arterial?" de Letícia Battieri. A orientação de ambos foi de Luciana Castilho Figueiredo.
"Contaminação bacteriana de hemocomponentes – experiência de oito anos do Hemocentro da Unicamp", de Vanessa Tongão. A orientação foi de Andréia Fernandes Origa.
"O Jardim de Julia: vivência de uma mãe durante o luto", de Karen Lie Oishi. A orientação foi de Laise Potério dos Santos.
Na parte da tarde, todos os alunos do Aprimoramento e Especialização da FCM de 2011 conheceram seus preceptores, que passaram orientações e informações sobre os programas.
Texto: Edimilson Montalti - ARP/FCM
Fotos: Mário Moreira - ARP/CADCC