A Orquestra Sinfônica da Unicamp (OSU) fez uma apresentação nesta quinta-feira (21) no auditório da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. No repertório, obras de dos compositores brasileiros Ernst Mahle, Raul do Valle, Edino Krieger e Lindembergue Cardoso. A OSU foi regida pelo professor, pesquisador e maestro Lutero Rodrigues diretor artístico e regente da Orquestra Sinfônica da Unesp. Rodrigues foi convidado pelo Centro de Integração, Documentação e Difusão Cultural (CIDDIC) da Unicamp para reger a OSU. Em 2002, Rodrigues foi eleito membro da Academia Brasileira de Música. Doutor em musicologia pela USP, sua tese sobre Carlos Gomes foi premiada em 201º pela Funarte. Já regeu mais de 500 obras no Brasil e no exterior.
“Estes compositores são muito importante para a história da música brasileira. Na década de 1950 eles que vivenciaram o confronto entre o nacionalismo e a vanguarda musical. Hoje há, teoricamente, uma convivência entre todos os estilos musicais. Como uma orquestra de universidade, temos muito haver com a divulgação desse repertório, pois, geralmente a cultura erudita do país sai, primeiro, da universidade e depois chega aos outros patamares da sociedade”, explicou Rodrigues, que já regeu de tudo, mas dá preferência para o repertório brasileiro.
Mesmo com uma contusão no pé, Rodrigues não deixou de ensaiar com a OSU. Os ensaios foram sentados mas, para a apresentação, o maestro disse que permaneceria em pé. “Tenho mais três apresentações este mês. Vamos ver o que vai dar”, disse. Antes da apresentação da OSU, Rodrigues concedeu a entrevista abaixo para o Portal da Unicamp:
Portal da Unicamp: Por que o repertório foi focado mais em compositores brasileiros?
Lutero Rodrigues: Isso foi uma sugestão da própria direção da orquestra, aliado ao fato de eu ser uma pessoa que cuida, basicamente, do repertório brasileiro. A intenção é dar ênfase ao repertório brasileiro e contemporâneo.
Portal da Unicamp: Por que você não trouxe obras de Carlos Gomes para esta apresentação?
Lutero Rodrigues: Estou trazendo compositores recentes. Carlos Gomes é o maior mestre que nós temos do passado, mas estou me restringindo há compositores que estão vivos e na ativa e que tem uma faixa etária de 70 a 80 anos. Se eu pego um Carlos Gomes, por mais que ele seja merecedor, eu entro numa outra época estética. Além disso, as peças de Carlos Gomes exigem, em sua maioria, uma orquestra grande.
Portal da Unicamp: Há espaço para a música erudita nas rádios brasileiras?
Lutero Rodrigues: Não existe, mas deveria, porque a música erudita não é de difícil entendimento. No Brasil, as rádios trabalham com uma programação comercial, com o que vende, com as gravações populares.
Portal da Unicamp: Qual o papel da universidade nisso tudo?
Lutero Rodrigues: A universidade tem esse compromisso de ampliar os horizontes culturais e é o que estamos fazendo. Inclusive convido a todos os campineiros adeptos de ópera para assistirem as peças de Rossini que tocarei no Teatro São Pedro, em São Paulo, no final de semana do feriado de finados.
Texto, imagens e vídeo: Edimilson Montalti