Biografias e narrativas de doentes crônicos e de saúde mental podem ser um excelente material para pesquisas na área da saúde. A novidade é a autoetnografia, onde o próprio paciente se coloca como sujeito e narra suas experiências com as instituições sociais por meio de reflexões constantes. “Estes três métodos são recentes. No Brasil, não há nenhum grupo trabalhando com etnografia. Nosso objetivo é discutir se eles são viáveis e quais as suas utilidades no campo da saúde”, explicou o professor Nelson Filice de Barros, coordenador do seminário “Biografia, narrativa e autoetnografia: contribuições para a pesquisa qualitativa” durante a abertura do evento nesta quinta-feira (14) na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp.
De acordo com o professor do Departamento de Medicina Preventiva e Social, se alguém digitar no portal PubMed a palavra etnografia aparecerá umas 90 mil referências. Se digitar a palavra autoetnografia, apareceram apenas 27, sendo que 11 foram publicadas este ano. Há artigos de pacientes renais, com dor crônica e mulheres com gravidez de risco. “Os autores elegem momentos marcantes de suas vidas e, a partir da narração, vão chamando as estruturas sociais para debater os limites e as possibilidades do tratamento, do autocuidado, de sua inclusão ou não no sistema de saúde. É um modelo novo e controverso”, disse Nelson.
O seminário conta com a participação de pesquisadores da Unicamp, da Universidade Federal da Bahia e da Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos. As apresentações acontecem até amanhã (15) na sala da Congregação da FCM, por meio de videoconferência. A programação e a inscrição estão disponíveis no site da FCM.
Texto: Edimilson Montalti