João Soitiro Yokoyama, médico nefrologista de Londrina, no Paraná, cuidou de seu pai em fase terminal por vários anos. Agora a mãe, com 82 anos, apresenta o mal de Alzheimer e necessita de cuidados. João, juntamente com o filho Luis Otávio, psicólogo, aproveitaram a visita à Campinas para participarem do curso para cuidadores informais na assistência domiciliar e enfoque no idoso, promovido pelo serviço social do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp e pela disciplina de medicina interna do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. O curso começou nesta terça-feira (31) e segue até amanhã, no auditório-5 da FCM.
“Como médico, pensamos como mecânicos. Cuidamos daquilo que tem conserto. Aquilo que não tem conserto, não há mais nada por fazer da parte médica. Só que o paciente não morre, continua vivo com todas as necessidades e a família fica à mercê de uma situação que muda toda a rotina da casa. Muitos ficam apavorados com isso e não sabem como agir. Há um desgaste muito grande. Você não tem ideia do que é até passar por isso. Viemos aqui para trocar experiências e aprender um pouco mais sobre como cuidar melhor de idosos”, comentou João.
A bióloga Maria de Fátima Locatelli está lidando com uma situação parecida. A mãe de 86 anos veio de São José do Rio Pardo, pois não tem condições físicas para morar sozinha. Acostumada a cuidar de plantas e animais em sua chácara, agora sua rotina está restrita a passar o tempo em um apartamento, segundo relato da filha. Essa mudança trouxe restrições para ambas. “Ela não está aceitando isso muito bem e eu tenho dúvidas sobre como melhorar a qualidade de vida dela. Esse curso veio na hora certa”, disse Maria de Fátima.
De acordo com a médica do Departamento de Clínica Médica da FCM e uma das coordenadoras do evento, Maria Elena Guariento, o envelhecimento populacional representa de um lado um grande sucesso das sociedades mas, por outro lado, apresenta inúmeros desafios para os quais todos devem se preparar, sendo um deles a fragilidade do idoso. “A hipertensão, a osteoporose, a anemia e outras implicações de ordem funcional contribuem para a fragilização do idoso. A demência, por exemplo, é um assunto que está sendo discutido no mundo inteiro. O enfoque do curso é abordar esses assuntos para quem cuida dessas pessoas”, explicou a gerontologista para os quase 300 inscritos no curso.