“Quando falamos sobre o alcoolismo ou obesidade, por exemplo, precisamos avaliar os discursos dos pacientes, dos médicos e da indústria farmacêutica, as relações psicossociais, a construção da percepção do corpo, o ambiente familiar, a administração dos espaços públicos e privados de saúde. Falar sobre saúde é falar sobre poder. Quanto mais informação tiver o paciente, mais crítico ele será”, explicou Jonathan Gabe, professor do Departamento de Saúde Social da Universidade de Londres, durante a abertura do “I Seminário Internacional de Sociologia da Saúde” que começou nesta segunda-feira (16) no auditório da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp.
Jonathan Gabe é professor do mestrado em sociologia médica da Royal Holloway da Universidade de Londres e um dos mais influentes pesquisadores na área da sociologia médica em diversos países. É também autor de diversos livros e artigos e editor internacional da revista “Sociology of Health and Illness”. Ele foi convidado pelo programa de pós-graduação em Saúde Coletiva da FCM e pelo Laboratório de Pesquisa Qualitativa em Saúde para falar sobre a sociologia da saúde no Reino Unido, a sociologia dos serviços de saúde, a sociologia da violência contra os profissionais de saúde e a sociologia da doença crônica e da medicalização.
De acordo com professor do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp e responsável pela organização do evento, Nelson Filice de Barros, o seminário foi pensado, inicialmente, para um grupo de 50 alunos, em formato de um curso, no anfiteatro da pós-graduação. Mas, até a última sexta-feira, havia 273 inscritos. “Ficamos surpresos com a demanda. Nosso desafio é entender o que esse interesse significa para a área de ciências sociais aplicadas à saúde e atender todas as pessoas que se inscreveram”, explicou.
Para a coordenadora da pós-graduação em Saúde Coletiva da FCM, Rosana Onocko Campos, o seminário é um marco dentro do programa e pretende acelerar o processo de internacionalização do curso. Barros lembrou que a pós-graduação em Saúde Coletiva existe há apenas dois anos na FCM, mas que, desde 1965, o Departamento de Medicina Preventiva e Social mantém a tradição em desenvolver esta temática. Um dos pioneiros nas pesquisas na área das ciências sociais aplicadas à saúde foi, de acordo com Barros, o professor Everardo Duarte Nunes. Em 1968, ele fez um ano de estágio no programa de sociologia médica da Royal Holloway da Universidade de Londres.
“Faz parte das atividades da Unicamp, tanto no ensino como a pesquisa, o estabelecimento de relações com universidades de outros países, trazendo professores, incentivando alunos para estudarem no exterior e desenvolver trabalho de pesquisa interpaíses. Os temas a serem abordados pelo professor Gabe são da maior atualidade e constituem, hoje, referências para as pesquisas e práticas de saúde”, disse Everardo que é uma assumidade para o Brasil e América Latina nas pesquisas em ciências sociais aplicadas à saúde.
O seminário termina no dia 18 de agosto. As palestras acontecem das 9h45 às 15 horas, no auditório-5 da FCM. A organização do evento confirmou para o mês de outubro um novo seminário internacional. A programação e o nome do convidado será divulgado em breve no site da FCM.